Logo depois de ter saltado rumo à prata na arena de Bercy, em Paris, Rebeca Andrade foi cercada por microfones e flashes. Uma multidão que custou a se dissipar. Discretamente posicionada num canto, sua mãe, Rosa Rodrigues, ainda não havia conseguido o que mais queria: dar aquele abraço na filha.
Ela chegou em Paris a tempo de assistir a todas as provas, com os dedos devidamente cruzados e a atenção em todos os minúsculos detalhes das apresentações. Com Rebeca treinando e concentrando, se encontraram uma única vez – o suficiente para falar o que estava na cabeça.
O objetivo de Dona Rosa era deixar a filha tranquila. “Você tem trabalhado muito, se esforçado que eu sei. Agora vai com tudo e vai na fé”, disse. E contou: “Achei ela calma, preparada para a competição.”
“A MÃE DELA QUE SE PREOCUPE”
E Simone Biles, a maior oponente da filha, lhe tira o sono? Aí a matriarca de uma prole de oito se reveste de indisfarçável corujice. “É a mãe da Simone que tem que ficar nervosa, porque a minha filha está chegando com tudo”, fala, e pondera: “A Simone não larga o osso e está certa. A disputa é saudável.”
De repente, o pensamento de Dona Rosa viajou a tempos bem mais áridos, quando Rebeca ia treinar no sacrifício, levada pelo irmão, aos 7 anos. Também vieram à mente as cirurgias e a dor que a agora a brasileira com mais medalhas em Jogos teve lá atrás. “Superamos”, resume, com incontido orgulho.
Na volta, já está tudo combinado: vai ter churrasquinho com os irmãos para comemorar.