Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

O que explica o domínio de Flamengo e Palmeiras no futebol brasileiro

Os clubes mais ricos do país sobram nos gramados e impõem uma nova ordem que contraria a história de equilíbrio daqui

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h35 - Publicado em 10 out 2021, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Boa parte do charme do futebol brasileiro residiu, historicamente, em sua diversidade. O clube dos grandes se acostumou a ter pelo menos doze membros (quatro paulistas, quatro cariocas, dois mineiros e dois gaúchos) e mais alguém pedindo passagem. Em 2021, contudo, exatamente como nas últimas cinco temporadas, dois clubes dominam com folga os gramados. Finalistas da Libertadores, o torneio mais relevante da América do Sul, Flamengo e Palmeiras repetem no Brasil um modelo consagrado na Espanha. Por lá, dois times, Barcelona e Real Madrid, se acostumaram a dividir os troféus — ainda que a última Liga tenha ficado com o Atlético de Madri.

    Flamengo e Palmeiras colhem os frutos da nova era financeira que marca o futebol moderno. Por razões diferentes, ambos destacam-se pelo equilíbrio nas contas e pela capacidade de fazer investimentos que, ano após ano, deixam os adversários para trás. “Passamos por uma série de percalços quando a prioridade era reduzir as dívidas”, diz Gustavo Oliveira, vice-presidente de marketing do Flamengo, lembrando que a reestruturação começou em 2013. “Quando foi possível, fizemos investimentos altos que foram certeiros.”

    FORÇAS - Barcelona e Real: dominantes -
    FORÇAS - Barcelona e Real: dominantes – (Helios de la Rubia/Real Madrid/Getty Images)

    No Palmeiras, o renascimento começou em 2015, com impulso crucial da Crefisa, patrocinadora cuja dona, Leila Pereira, deve assumir a presidência do clube em 2022. “O investimento do patrocinador master é um diferencial competitivo sem nenhuma dúvida”, reconhece o presidente Mauricio Galiotte. No Flamengo, as verbas da Globo, provenientes dos direitos de transmissão, foram fundamentais na construção dessa vantagem. Ressalte-se que, nos dois casos, as boas gestões também fizeram a diferença. “O problema não é a evolução de Flamengo e Palmeiras, mas o fato de outros grandes não terem acompanhado esse caminho”, diz Cesar Grafietti, consultor do Itaú BBA.

    A dupla certamente não é vilã, mas hegemonias são ruins para o esporte. Na Alemanha, as disputas se tornaram enfadonhas desde que o Bayern de Munique enfileirou títulos — o time levantou as últimas nove taças nacionais. Não à toa, o torneio não tem a mesma visibilidade do Campeonato Inglês, muito mais equilibrado e, por isso mesmo, mais valorizado mundo afora. No Brasil, a criação de uma liga, que já vem sendo discutida, poderia ser uma saída. “O desafio é criar um produto sustentável e mecanismos de controle para que todos possam ter as contas em dia”, completa Grafietti.

    Continua após a publicidade

    arte FLA x PAL

    A influência financeira na nova ordem do futebol é notada em todo o continente. Pela primeira vez, quatro clubes de um mesmo país definirão as duas competições da Conmebol — Athletico Paranaense e Red Bull Bragantino decidem a Copa Sul-Americana. Com isso, o Brasil poderá ter até nove times na fase de grupos da Libertadores do ano que vem, uma verdadeira aberração. O domínio brasileiro já incomoda argentinos, mas deve perdurar.

    Por aqui, o Atlético Mineiro é quem mais tenta encarar de igual para igual, como o seu xará de Madri tem conseguido fazer na Espanha. O time foi turbinado pelos aportes de Rubens Menin, fundador da construtora MRV, que compra jogadores e até constrói um estádio para o clube. Na Libertadores, o Atlético decepcionou — foi derrotado pelo Palmeiras na semifinal —, mas há ótima chance de conquistar o Brasileirão após cinco décadas. O pior exemplo vem do rival Cruzeiro, que inflou seu elenco com contratações irresponsáveis e viu a conta chegar após o time frequentar as páginas policiais, com seguidos escândalos de corrupção dos cartolas. A equipe celeste deve se manter pelo terceiro ano seguido longe da elite (está no meio da tabela na Série B), um duro castigo após anos de má gestão. Botafogo e Vasco também estão na Segundona. Sem um trabalho muito competente de marketing e apostas com alto risco de investimento, será difícil nos próximos anos romper o domínio da dupla Palmeiras e Flamengo.

    Publicado em VEJA de 13 de outubro de 2021, edição nº 2759

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.