No último domingo (18), em Porto Alegre, batemos o recorde de público do futebol feminino no Brasil, com mais de 36 mil pessoas no Beira Rio para assistir a Inter x Corinthians pelo Campeonato Brasileiro. Foi uma manhã contagiante, com uma torcida cheia de energia e expectativas, curiosa, engajada e com muito orgulho de ver a evolução das nossas Gurias Coloradas. Foi também uma experiência única ver a emoção nos olhos das meninas, adolescentes, mães e avós – e dos homens presentes também, todas com muito orgulho em presenciarem um marco na história.
Um caminho para a quebra de estereótipos de gênero é termos exemplos. Aqui no Inter, buscamos maior representatividade feminina. Com mais torcedoras no estádio, mais sócias, mais conselheiras, podemos projetar algo que é possível, de forma concreta e naturalizada. Lançamos recentemente a campanha “Te Associa, Guria”, com o objetivo de trazer um número maior de associadas. Queremos mais. E o que vimos em nosso Gigante foi um belo avanço: uma final com casa cheia para torcer para as meninas.
“Futebol feminino” é uma categoria – importante e necessária. É um caminho sem volta, mas precisamos ir além. “Mulheres no futebol” é uma mudança de cultura. Presenças femininas em posições estratégicas neste segmento é acelerar contra o vento e à favor da equidade. Felizmente, sou um orgulhoso exemplo disso: num Inter que tem cláusula anti-preconceito no contrato dos funcionários, campanhas antirracismo e outras iniciativas, me tornei a primeira diretora de marketing de um clube de futebol no Brasil.
Se desejamos crescer e avançar nas carreiras, nós mulheres precisamos ir contra as expectativas sociais, enfrentando diferentes barreiras de gênero. No futebol, o negócio iniciado por mulheres fortes, determinadas, que têm garra e coragem, está em crescimento absoluto. O próprio Inter fez duas transferências de jogadoras com valores importantes nas últimas semanas. Também aqui, aproveitamos ação de marketing da marca Sorriso com jogador do Red Bull Bragantino para propor que a Sorriso, zagueira do Clube, tivesse o mesmo tratamento. Bingo. Em condições rigorosamente iguais ao do atleta masculino, fechamos a parceria.
É necessário entender que “liderança feminina” é diferente de “mulheres na liderança”. A primeira, corresponde a um jeito de agir, um estilo “feminino” de fazer, mas não é isso que muda o jogo. A segunda significa representatividade e atitude onde as decisões são tomadas. Quanto maior for a nossa presença em cargos de liderança, maiores as chances de ajudarmos a construir mudanças necessárias.
Se você, assim como eu, é uma mulher que gosta de futebol e acredita que é possível cultivarmos novas práticas que acompanhem a nossa evolução, seja sócia do seu time do coração. É com participação que conquistamos espaços e ampliamos a nossa voz.
*Liana Bazanela é diretora executiva de marketing do Sport Club Internacional