No mesmo dia em que grandes craques do futebol se reuniram em Paris para a cerimônia da Bola de Ouro, cujo novo dono é o francês Karim Benzema, Neymar compareceu a um evento bem menos pomposo. Teve início no Tribunal de Barcelona o julgamento sobre a controvertida venda do astro brasileiro para o clube catalão, ainda em 2013. Ele e outras oito partes, incluindo seus pais, são acusados de fraude e corrupção pela empresa DIS, que detinha 40% do valor de seu passe e alega que o custo real da transação chegou a 82 milhões de euros, cerca de cinco vezes mais do que o oficializado à época. No segundo dia de audiência, Neymar se defendeu, em bom castelhano. “Não participei das negociações, quem cuida é meu pai e sempre será assim. Assino tudo o que ele me manda”, disse, em versão reforçada pelo pai. Os enroscos judiciais da família Silva Santos não são novidade e ingressaram até no indevido campo da política. Em uma entrevista para o podcast Flow, questionado sobre o apoio de Neymar a Bolsonaro, Lula debochou. “Eu acho que ele está com medo de, se eu ganhar as eleições, saber o que o Bolsonaro perdoou da dívida do imposto de renda dele.” O petista se referiu a um encontro entre Neymar pai, Bolsonaro e Paulo Guedes, em 2019, para supostamente tratar sobre uma dívida de 69 milhões de reais em impostos e multas. O julgamento na Espanha deve terminar até 31 de outubro, pouco antes do início da preparação para a Copa no Catar. No pior cenário, o camisa 10 pode pegar até dois anos de prisão. Mas, para a sorte da seleção brasileira, isso não deve acontecer.
Publicado em VEJA de 26 de outubro de 2022, edição nº 2812