‘Me pareceu muito’: Homem azul da cerimônia de abertura revela quanto recebeu
Cantor Philippe Katerine revelou valor em entrevista ao jornal francês Libération
O cantor Philippe Katerine, o homem que estava pintado totalmente de azul na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, revelou em entrevista ao jornal francês Libération quanto recebeu pela apresentação.
“Não sei quanto receberam os outros, espero que seja igual. Eu recebi 200 euros. Me pareceu muito, então aceitei. Botei no bolso. Esse é o infortúnio. Mas, você sabe, eu teria pagado 200 euros para participar”, disse sobre o valor, que equivale a cerca de 1.245 reais, na cotação atual.
A cena gerou críticas de conservadores e grupos religiosos de todo o mundo, sobretudo pelas referências à pintura da Santa Ceia. O homem azul, por sua vez, era uma representação do deus grego Dionísio, responsáveis por festas, teatro e, claro, vinho.
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O problema é que, segundo o Comitê Organizador dos Jogos de Paris, os artistas envolvidos na cerimônia não rceberiam cachê, fossem eles “de renome nacional ou internacional”. Procurado pela mídia francesa, o comitê não se pronunciou.
Ameaça de morte e insultos
No início da semana, Barbara Butch, DJ que participou de uma cena com drag queens na cerimônia de abertura, apresentou queixa na polícia francesa por ameaça de morte e insultos públicos.
Butch publicou em suas redes sociais uma declaração de sua advogada, Audrey Msellati, que afirma que a DJ tem sido “alvo de uma campanha extremamente violenta de assédio cibernético e difamação”.
“Ela foi ameaçada de morte, tortura e estupro, e também foi alvo de inúmeros insultos antissemitas, homofóbicos, sexistas. Barbara Butch condena esse ódio vil direcionado a ela, o que ela representa e o que ela defende”, diz o texto. “Ela está hoje apresentando várias queixas contra esses atos, sejam cometidos por cidadãos franceses ou estrangeiros, e pretende processar qualquer um que tente intimidá-la no futuro”.
Durante a cerimônia de abertura, Butch estava no centro do palco tocando como DJ enquanto ostentava um capacete prateado e um vestido azul. Em uma postagem no Instagram, Butch chamou seu visual de “deusa da música olímpica”.
A cena, que contou com drag queens e outros membros da comunidade LGBTQIA+, foi alvo de reação negativa. O diretor artístico das Olimpíadas, Thomas Jolly, disse ao canal francês BFMTV no fim de semana que o segmento não foi inspirado na Santa Ceia, e sim uma homenagem à mitologia grega. A cena seria inspirada, na verdade, em A Festa dos Deuses, do pintor holandês do século XVII Jan van Bijlert.
A porta-voz dos Jogos Olímpicos, Anne Descamps, disse que “claramente nunca houve a intenção de mostrar desrespeito a qualquer grupo religioso… Se as pessoas se ofenderam, lamentamos muito.”