O atacante brasileiro Vinícius Junior, de 22 anos, será o líder do Comitê Especial Antirracismo que a Fifa está formando e que vai contar com outros jogadores. O objetivo, segundo o presidente da entidade, Gianni Infantino, será trabalhar para tornar as penas mais rígidas diante de episódios de racismo no futebol.
Alvo de um lamentável ato de discriminação racial, por parte de torcedores do Valencia, em partida com o Real Madrid, no dia 21 de maio, Vini Júnior tem sido o jogador mais atacado por racistas nas arquibancadas espanholas. A liga do país já registrou 10 denúncias destes crimes contra o jovem atleta, em jogos do Campeonato Espanhol. No entanto, a entidade sofreu críticas, entre elas, do próprio brasileiro, por não tomar atitudes mais firmes nestes episódios.
Segundo Infantino, em entrevista para a agência Reuters, a Fifa, além de punições disciplinares e competitivas, vai procurar impor ações legais contra agressores em todos os países onde casos de racismo ocorrerem.
“Não haverá mais futebol com racismo. Os jogos devem ser interrompidos imediatamente quando isso acontecer. Chega”, disse o presidente da Fifa, nesta quinta-feira (15), após encontrar-se com o atacante, que está treinando com a seleção brasileira em Barcelona, para amistosos contra Guiné, no próximo sábado (17), e Senegal, na próxima terça (20).
“Pedi ao Vinícius para liderar esse grupo de jogadores que apresentará punições mais rígidas contra o racismo que serão posteriormente implementadas por todas as autoridades do futebol ao redor do mundo”, explicou o dirigente, que emendou. “Vamos implantar punições muito duras e fortes para acabar com esse problema de uma vez por todas”, disse Infantino, confirmando que Fifa deve passar a entrar na justiça contra autores de atos racistas.
Valencia acusa Rodrygo
O clube espanhol, da torcida que entoou cantos racistas contra Vinicius Júnior em maio, emitiu comunicado acusando o atacante Rodrygo, companheiro de Vini no Real Madrid, por mentir sobre o episódio, ao dizer que todo o estádio Mestalla (do Vaencia) teria ofendido o jogador brasileiro, gritando “macaco”.
“O Valencia lamenta e nega categoricamente as falsas declarações feitas pelo jogador Rodrygo Goes, nas quais afirma que todo o nosso estádio e torcedores proferiram cânticos racistas.Tais manifestações são mentiras sérias que contribuem para estigmatizar uma base de adeptos que possuem postura exemplar”, diz a mensagem, divulgada no site e redes sociais do clube.
Em entrevista durante os treinamentos da seleção brasileira, Rodrygo afirmou que ” estava em campo (na partida do dia 21 de maio) e vi o estádio inteiro gritando ‘mono’. Isso também me afeta, pois também sou negro”, afirmou o jogador.
Após o comunicado emitido pelo Valencia, que ameaçava entrar com medidas legais contra o jogador brasileiro do Real Madrid, Rodrygo se manifestou em suas redes sociais.
“Tenho máximo respeito pela torcida e pelo Valencia. Na mesma coletiva de imprensa em que ressaltei que a Espanha não deve ser considerada uma nação racista, me referi àquelas pessoas do estádio que cometeram racismo contra o Vini. Em nenhum momento a todos os torcedores. Entendo o futebol como uma atividade que prioriza o jogo, a alegria, o respeito e o espírito esportivo, servindo como palco para divulgar exemplos de bons valores, amizade, companheirismo e convivência pacífica. Estou aqui com minha seleção para lutar contra o racismo. É o momento de acabar com isso. Com esta chaga. Não bastam palavras. São necessárias ações. Chega de racismo”, finalizou o atacante brasileiro.