DOHA – Primeiro país africano a chegar em uma semifinal de Copa do Mundo, o Marrocos é a grande sensação do torneio no Catar. Nesta quarta-feira, 14, a equipe enfrenta a atual campeã, França , às 16h (de Brasília), no estádio Al Bayt, em busca de outro feito inédito: avançar à final diante da Argentina. Curiosamente, duas das principais peças do time marroquino, o jovem meio-campista Azzedine Ounahi e o atacante Sofiane Boufal, atuam no Campeonato Francês, no Angers, o atual lanterna da Ligue 1.
Num time com outras estrelas mais conhecidas, como o lateral Hakimi, do Paris Saint-Germain, e o ponta Ziyech, do Chelsea, eles iniciaram o Mundial quase anônimos. Nos primeiros jogos, já chamaram a atenção, ainda com as alcunhas de “o 8” e “o 17”. À esta altura do campeonato, porém, muitos já guardaram seus nomes.
Com 22 anos, Ounahi é considerado uma das principais revelações desta Copa, ao lado de nomes como Jude Bellingham, da Inglaterra, Josko Gvardiol, da Croácia, e Cody Gakpo, da Holanda. O camisa 8 da seleção marroquina atuou nas cinco partidas da equipe na competição e tem se destacado principalmente pelas recuperações de bola e facilidade para sair jogando.
Não à toa, depois da partida entre Marrocos e Espanha, pelas oitavas de final, vencida pela seleção africana nas penalidades, o técnico espanhol Luis Enrique rasgou elogios ao meio-campista. “O 8 do Marrocos… Minha mãe, de onde saiu esse rapaz? Joga muito bem! Me surpreendeu!”, admitiu o então técnico da seleção espanhola na entrevista coletiva. Na ocasião, Ounahi correu 14,7 km.
Respondendo a Luis Enrique: nascido em Casablanca, Ounahi passou pelas categorias de base do Raja Casablanca e teve seu talento moldado em um projeto social de Salé, no Marrocos, chamado Academia Mohammed VI, que é inspirado em Clairefontaine, o celeiro de craques da França. O garoto do norte da África tinha como ídolo o espanhol Andrés Iniesta, que na época brilhava do outro lado do Estreito de Gibraltar, pelo Barcelona.
Aos 18 anos, ele assinou com o Strasbourg, da França, ainda nos times juvenis, e desde 2021 o jovem meio-campista defende o Angers, onde tem sido titular absoluto, com 14 jogos disputados na temporada. A primeira convocação para a seleção marroquina veio em 2021, ainda sob o comando do bósnio Vahid Halilhodzic. Desde então, virou dono da posição e um dos craques do time.
O bom desempenho já despertou o interesse de gigantes europeus e Ounahi não deve permanecer no clube por muito tempo. De acordo com o jornal espanhol Mundo Deportivo, o Barcelona já negocia a contratação do meio-campista na janela de transferência de janeiro.
Companheiro de Ounahi no clube francês, o habilidoso ponta Sofiane Boufal, nascido em Paris, é outro que vem se destacando pela seleção marroquina na Copa do Mundo do Catar. Mais experiente, aos 29 anos, Boufal é formado pelas categorias de base do próprio Angers e subiu para a equipe principal em 2013.
Depois, acumulou passagens apagadas por Lille, Southampton, da Inglaterra, e Celta de Vigo, da Espanha, antes de retornar ao clube que o formou na temporada 2021. Em 15 rodadas, o Angers tem apenas oito pontos, 33 a menos que o líder PSG, do astro da seleção francesa Kylian Mbappé.
Com a seleção, Boufal acumula 36 partidas e seis gols marcados na carreira, e mesmo sem ter balançado as redes neste Mundial se tornou um dos destaques do elenco pelos dribles na ponta esquerda. Também protagonizou uma das mais belas cenas da Copa ao celebrar as vitórias do time junto com a mãe.
Companheiros de clube e parte da seleção histórica marroquina nesta Copa, a dupla do Marrocos é a esperança da eq Puipe de Walid Regragui para surpreender a França. O Angers, claro, já esfrega as mãos pensando em possíveis transferências.