Cerimônia de abertura muda ordem de delegação de Israel por questões de segurança
Barco que levaria os atletas inicialmente seguiu vazio e sem bandeiras, mas israelenses desfilaram normalmente pelo Sena minutos depois
Apesar das preocupações com a segurança, a delegação de Israel participou da cerimônia de abertura da Olimpíada de Paris, nesta sexta-feira, 26. Em um primeiro momento, no entanto, o barco que levaria os atletas israelenses, que já estavam dentro do barco e foram retirados, passou vazio e sem bandeiras. Minutos depois, os atletas desfilaram normalmente pelo Rio Sena.
Durante a semana, o ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, afirmou em entrevista que atletas israelenses receberão proteção 24 horas por dia durante as Olimpíadas de Paris. O anúncio ocorreu depois que um membro de extrema esquerda do Parlamento francês disse que a delegação de Israel não era bem-vinda à competição e apelou por protestos contra a sua participação.
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O conflito de Israel contra o grupo terrorista palestino Hamas é alvo de duras críticas da extrema esquerda francesa pela devastação do enclave e pelas mortes de civis. Enquanto isso, alguns parlamentares pró-Palestina têm sido acusados de antissemitismo.
Conflito interno
A fala de Darmanin, 52 anos após o massacre das Olimpíadas de Munique, no qual 11 israelenses foram mortos por militantes palestinos, ocorreu após o legislador do partido de extrema esquerda França Insubmissa, Thomas Portes, ser filmado dizendo que os atletas olímpicos de Israel não eram bem-vindos à França e que deveria haver protestos contra sua participação nos Jogos.
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“Estamos a poucos dias de um evento internacional que será realizado em Paris, que são os Jogos Olímpicos. E estou aqui para dizer que não, a delegação israelense não é bem-vinda aos Jogos em Paris”, disse ele, sob aplausos.
Nesta segunda-feira, 22, o ministro das Relações Exteriores francês, Stephane Sejourne, reiterou em uma reunião com seus homólogos da União Europeia em Bruxelas, em aparente referência ao episódio, que a França dá sim as boas-vindas aos atletas israelenses. Além disso, prometeu enfatizar esse ponto em telefonema com o seu homólogo israelense.
Alguns legisladores do França Insubmissa defenderam parcialmente os comentários de Portes. Alto funcionário do partido, Manuel Bompard escreveu no X, antigo Twitter, que apoiava Portes “perante a onda de ódio que ele sofre”.
“Confrontado com repetidas violações do direito internacional por parte do governo israelita, é legítimo pedir que os seus atletas compitam sob uma bandeira neutra nos Jogos Olímpicos”, escreveu Bompard.
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Israel nega ter violado o direito internacional na guerra em Gaza, desencadeada por um ataque do Hamas contra comunidades do sul do país em outubro do ano passado. Mas, em sinal das complexas questões de segurança que envolvem a delegação israelense, uma cerimônia em memória dos atletas mortos no ataque de Munique em 1972 foi transferida do exterior da Câmara Municipal de Paris para a embaixada de Israel.