Depois de duas derrotas do Brasil no vôlei de praia neste domingo, 4, Evandro e Arthur deram um alívio aos torcedores brasileiros, vencendo por 2 sets a 0 a dupla da Holanda, formada por Matthew Immers e Steven Van de Velde, nas oitavas de final da Olimpíada de Paris.
Com bons saques de Evandro e excelente leitura de jogo de Arthur, a dupla, que mostrou extrema concentração e entrosamento, avança às quartas de final, um feito que André e George não conseguiram na manhã deste domingo. No feminino, Bárbara e Carol também foram eliminadas, mas Ana Patrícia e Duda seguem vivas na competição e jogam na segunda-feira.
Assim como em todas as partidas disputadas em Paris, a dupla holandesa foi alvo de vaias, sobretudo quando Van de Velde encostava na bola. O atleta de 29 anos foi condenado a quatro anos de prisão em 2014 por estuprar uma menina de 12 anos e foi solto em 2017.
Em resposta às amplas críticas pela presença do atleta na competição, o diretor da Federação Holandesa de Vôlei, Michel Everaert, afirmou que “nós sabemos da história de Steven”, mas que ele está “totalmente reintegrado à comunidade do vôlei”. Van de Velde cumpriu parte de sua pena na Inglaterra, onde cometeu o crime, antes de ser transferido para a Holanda. Ele voltou a jogar no mesmo ano em que foi solto.
O sistema olímpico não possui verificações de antecedentes de ofensas sexuais cometidas por líderes de governança esportiva, treinadores ou atletas. Em comunicado, o Comitê Olímpico Internacional ressaltou que a nomeação de atletas é responsabilidade exclusiva de cada comitê nacional.
A ex-nadadora olímpica brasileira Joanna Maranhão, coordenadora da Athletes Network for Safer Sports e primeira mulher a assumir a Presidência do Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil, em 2023, ressaltou que “ser um atleta olímpico é um privilégio, e não um direito”.
“Os atletas que competem no nível de prestígio dos Jogos Olímpicos são frequentemente vistos como heróis e modelos – Van de Velde não deveria receber esta honra”, afirmou a ex-atleta. “Em contraste com o que os especialistas holandeses argumentam sobre o baixo risco de reincidência, a sua qualificação para os Jogos também deve ser examinada através de uma lente moral”.