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Paulistana faz trabalho voluntário desde os 6 anos de idade

Lara Franciulli defende a democratização da educação para desenvolver o país

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 15h15 - Publicado em 3 jan 2020, 06h00
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  • MILITÂNCIA - A universitária: ênfase na presença feminina no campo das ciências exatas
    MILITÂNCIA – A universitária: ênfase na presença feminina no campo das ciências exatas (./.)

    Os domingos nunca foram de parque para a paulistana Lara Franciulli — menos ainda depois que ela completou 6 anos. Àquela altura, sua mãe, professora de matemática, e seu pai, revisor de textos, já dedicavam o dia ao trabalho voluntário na ONG Núcleo Assistencial Fraternidade — voltada para crianças de alta vulnerabilidade moradoras de duas comunidades da Zona Norte de São Paulo — e decidiram que era hora de a filha se exercitar na solidariedade. Na ONG, a garotada passava o dia envolvida em atividades educacionais e recebia alimentação. No início, a função de Lara era ajudar as crianças menores e até as de sua idade a participar da programação, distribuir lápis de cor e talheres. Aos 12 anos, ela assumiu uma turma de vinte crianças. Com o tempo, expandiu sua atuação: começou a treinar grupos para olimpíadas de matemática e informática e a levar as meninas a eventos de liderança feminina. O compromisso com o próximo inspirou Lara a criar com a mãe, em 2017, o projeto Juntos Somos Um, que tem como objetivo oferecer oportunidades educacionais e profissionais a crianças e jovens. No ano seguinte, a jovem foi selecionada para participar da 21ª Assembleia da Juventude, evento da Organização das Nações Unidas, em Nova York. A ideia do encontro é discutir alternativas de construção de um futuro mais inclusivo e sustentável.

    Prodígio em matemática, Lara venceu em 2013 a olimpíada brasileira da categoria, o que a credenciou à etapa internacional da disputa, na qual ficou com a medalha de bronze. Até hoje, foram mais de dez classificações no pódio de algumas das principais competições científicas no Brasil e no exterior. Tal experiência chamou sua atenção para o papel da educação, de modo geral, e das ciências exatas para as mulheres, em particular. “Entendi que aquele era um caminho para torná-las mais confiantes em um meio predominantemente masculino”, explica ela.

    Na hora de escolher um curso superior, Lara optou por ciências da computação e ingressou, em 2019, na Universidade Stanford (EUA). Ela integrou uma lista de 29 talentos selecionados entre mais de 70 000 inscritos, pelo Programa de Líderes, da Fundação Estudar, entidade inaugurada em 1991 pelo empresário Jorge Paulo Lemann. A iniciativa concede bolsas de estudos a jovens com potencial para atuar no desenvolvimento do Brasil. “Minha meta é utilizar meus conhecimentos em tecnologia para democratizar o acesso à educação de base de qualidade por meio de soluções que alcancem as diferentes realidades que temos no país”, diz Lara, que mesmo a distância continua colaborando para a melhoria das condições de vida das crianças vulneráveis da Zona Norte paulistana.

    Publicado em VEJA de 8 de janeiro de 2020, edição nº 2668

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