A visão predominante sobre educação, há tempos, não se restringe ao conjunto de saberes e conteúdos formais aprendidos na escola. Habilidades sócio-emocionais – tais como empatia, capacidade de liderança, de trabalhar em grupo, criatividade, entre outras – se mostram tão essenciais quanto ter domínio da linguagem, da matemática e de outras ciências. Somadas aos conhecimentos acadêmicos, essas características são fundamentais para os jovens e crianças se inserirem plenamente na sociedade.
Se por um lado isso é praticamente consenso entre os especialistas, de outro, ainda faltam ferramentas para desenvolver e medir o ensino dessas características dentro da sala de aula. Uma pesquisa da OCDE, organização que congrega os principais países desenvolvidos no mundo, realizada com pessoas de 10 a 15 anos, em dez diferente cidades de nove países joga luz sobre o tema e mostra que nem todas habilidades socio-emocionais trazem os mesmos benefícios e precisam ser tratadas de forma diferente no ambiente escolar.
A pesquisa percebeu, por exemplo, que crianças mais curiosos e persistentes apresentam notas mais altas e melhor desempenho escolar. Em contrapartida, adolescentes mais sociáveis e mais resistentes ao stress costumam não ter uma performance tão acima da média. Segundo a OCDE, isso não significa que ter controle emocional e pedir ajuda para os colegas sejam características indesejáveis, mas que os alunos podem ter dificuldade de focar suas interações e precisam ter uma atenção diferenciada por parte dos educadores.
Curiosidade e criatividade mereceram um capítulo exclusivo, por serem cada vez mais valorizados no mercado de trabalho. Os alunos que se classificaram como altamente criativos tendiam a se descreverem como mais curiosos, empáticos, persistentes, enérgicos, tolerantes e cooperativos. As associações de criatividade com curiosidade e persistência se mostraram particularmente interessantes porque a articulação dessas habilidades pode fazer a diferença em praticamente todas as atividades escolares.
Outro aspecto observado pela pesquisa está relacionado à qualidade de vida dos alunos no ambiente escolar. Satisfação com a vida, bem estar psicológico e nível de ansiedade foram medidos, mostrando que há um declínio desses indicadores quando os alunos saem da infância e ingressam na adolescência.O fenômeno é particularmente pior para meninas. Promover o bem estar no ambiente escolar se mostra, portanto, como sendo uma importante prioridade para as políticas educacionais e o planejamento pedagógico. “Um estudante considerado de sucesso não apenas performa bem academicamente, mas desfruta do estudo e do bem estar psicológico”, alerta o documento da OCDE.