O fato de Guimarães Rosa (1908-1967) ser considerado um autor de difícil leitura não desencorajou Ana Cláudia Santos, professora de língua portuguesa na Escola Estadual Padre Paulo, em Santo Antônio do Monte (MG), a fazer um trabalho dedicado à obra do escritor mineiro. “Os alunos têm uma certa resistência com o estudo da literatura, mas quis mostrar que qualquer pessoa pode ler qualquer história, inclusive de um autor complexo como Guimarães Rosa”, explica.
Para atrair o interesse dos alunos, a professora exibiu um documentário e pediu que os estudantes escrevessem cartas a Guimarães, contando suas próprias “travessias”. Depois, pesquisaram os aspectos estilísticos dos textos roseanos e foram instigados a refletir sobre as relações entre a obra e seu cotidiano.
“A literatura não termina na sala de aula, ela tem de começar ali. Com Guimarães, eles foram instigados a procurar outras formas de ler as obras. Um aluno uma vez me disse que se sente um rei na aula e nesse dia eu acreditei que estava indo no caminho certo.”
Com seu projeto O Ser(tão) de Cada Um, Ana Cláudia conquistou um lugar entre os dez melhores professores do ano pelo Prêmio Educador Nota 10, promovido pelas fundações Victor Civita e Roberto Marinho. É a segunda vez que a professora vence o Prêmio. Ela agora disputa o título Educador do Ano na cerimônia que acontece no dia 1 de outubro, em São Paulo.