A União Europeia deve divulgar nesta quinta-feira, 19, lista com frigoríficos que serão proibidos de exportar frango para a região. A estimativa, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), é que 20 unidades nacionais farão parte da lista, sendo 12 delas da BRF.
“Ainda temos esperança que eles não apliquem essa restrição, mas é muito possível que hoje decidam por proibir o produto brasileiro”, considera o vice-presidente de mercados da ABPA, Ricardo Santin. Ele afirma que essas empresas representam cerca 30% da cota de exportação para região.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, anunciou na terça-feira, 17, que irá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a União Europeia que está descredenciando frigoríficos da BRF como exportadores de carne de aves para países do bloco econômico.
De acordo com o ministro, trata-se de uma guerra comercial da UE. “Estão aproveitando para nos tirar do mercado em nome da sanidade, o que não é verdadeiro.” Decisão de suspender parte das exportações de alguns frigoríficos havia sido tomada pelo próprio Mapa depois que a Polícia Federal realizou operação envolvendo análises laboratoriais que atendiam à BRF. No entanto, nesta quarta-feira, 18, o ministério autorizou a empresa a retomar as vendas para a Europa.
Com a suspensão das exportações, a BRF deu férias coletivas para mais de 3.500 trabalhadores março e abril. A expectativa era que, com o fim da restrição do governo brasileira, a empresa retomasse as vendas ao mercado europeu, importante comprador de aves do Brasil. No entanto, com a nova restrição, a companhia não poderá retomar os negócios. A UE é responsável por 7,5% do volume exportado pelo país e por 11% da receita.
A alegação do bloco para proibir as vendas brasileiras é a preocupação com a presença de salmonela. No entanto, para Maggi a alegação não tem justificativa técnica “uma vez que é possível exportar cortes de frango in natura para os países da comunidade europeia, com proibição para apenas dois tipos da bactéria, desde que seja paga tarifa adicional de 1.024 euros por tonelada”.
O secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Luís Rangel, disse que, apesar da União Europeia ter aumentado para 100% a inspeção da carne de aves desde março do ano passado, o índice de alertas sobre a presença de salmonela está no mesmo nível de um ano atrás, quando apenas 20% da carga era avaliada. Rangel disse que, uma vez que a carne de frango não é consumida crua, a presença da bactéria não implica em risco à saúde humana.