A Tesla, empresa do bilionário Elon Musk, registrou um lucro líquido de US$ 2,167 bilhões no terceiro trimestre do ano, uma alta de 17% em comparação com o mesmo período de 2023, enquanto a receita subiu 8%, atingindo US$ 25,18 bilhões, ligeiramente abaixo da previsão dos analistas da FactSet, que esperavam US$ 25,47 bilhões. Os resultados fazem as ações da empresa subirem mais de 20% no pré-mercado. Na quinta-feira, os papéis tiveram alta de 22% nas ações da Tesla – o maior ganho diário da companhia em mais de 11 anos – acrescentando cerca de US$ 34 bilhões à fortuna de Musk.
O resultado da Tesla surpreendeu o mercado, em parte devido ao ceticismo que a empresa enfrentava por conta da própria figura de Elon Musk. Ao longo dos anos, Musk se envolveu em uma série de polêmicas — de declarações polêmicas sobre criptomoedas e restrições pandêmicas até a venda de parte das ações da Tesla para financiar a aquisição do X, antigo Twitter. Essa aquisição, aliás, levantou preocupações entre investidores sobre a capacidade de Musk em manter o foco no comando da Tesla, especialmente enquanto ele dedicava tempo e recursos à nova empreitada. Esse cenário contribuiu para que a Tesla fosse alvo de incredulidade, com analistas questionando se a empresa conseguiria manter seu ritmo de inovação e crescimento, enquanto Musk dividia seu tempo com o X. Além disso, a empresa apresentou recentemente um protótipo de robô-táxi totalmente autônomo, um projeto audacioso que deveria aumentar o valor da marca, mas que, até o momento, não trouxe o entusiasmo esperado entre os investidores.
No entanto, em meio a essa desconfiança, a Tesla conseguiu superar as expectativas, registrando um lucro por ação de US$ 0,72, acima do consenso de mercado de US$ 0,58. A receita da Tesla alcançou US$ 25,1 bilhões no terceiro trimestre, um crescimento de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Obtivemos resultados sólidos, com aumento das entregas tanto mês a mês quanto em comparação com o ano passado, resultando em um volume recorde de vendas para um terceiro trimestre”, destacou a empresa.
O segmento automotivo, principal motor de receita da Tesla, contribuiu com US$ 20 bilhões, representando um aumento de 2%. Este crescimento vem em meio a uma série de políticas governamentais que favorecem a empresa, especialmente com as recentes taxações impostas pelos EUA sobre carros e produtos chineses, o que proporciona uma vantagem competitiva.
Em resposta às pressões de custos, a Tesla reduziu o valor das matérias-primas para baterias, aproveitando a queda nos preços do lítio e do níquel, componentes essenciais para a produção de seus veículos. O custo de produção por unidade caiu para cerca de US$ 35.100, o nível mais baixo registrado pela empresa, um feito que ilustra a contínua eficiência de suas operações.
Um ponto de atenção é o volume de entregas. Até o momento, a Tesla vendeu 1,29 milhão de veículos em 2024, restando mais de meio milhão de unidades para alcançar o recorde de 2023. Este objetivo, embora ambicioso, será fundamental para avaliar a capacidade da empresa de expandir sua produção sem comprometer a qualidade, já que qualquer interrupção na cadeia de suprimentos ou falha em atender à demanda pode impactar negativamente a confiança dos investidores.
Além disso, o desafio da Tesla não se resume apenas aos números de produção e vendas. A empresa se depara com o avanço de marcas tradicionais que investem pesadamente em suas próprias linhas de veículos elétricos, como Ford e GM, bem como a força de players chineses como BYD, que também buscam expandir suas operações no Ocidente. O futuro da Tesla parece promissor, mas não sem obstáculos.