A taxa de desemprego ficou em 7,9% no trimestre encerrado em julho. Segundo os dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira, 31, essa é a menor taxa para o período desde 2014, quando foi de 6,7%. Em comparação com o mesmo período de 2022, a taxa de desocupação caiu 1,2 ponto percentual, e, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, encerrado em abril, a queda é de 0,6 ponto percentual.
O número de pessoas desempregadas ficou em 8,5 milhões de pessoas, uma queda de 6,3% em relação ao trimestre anterior e de -3,8% se comparado ao mesmo período de 2022.
“Esse recuo no trimestre encerrado em julho ocorreu principalmente pela expansão do número de pessoas trabalhando”, explica Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílio. Pode parecer óbvio que o desemprego cai porque há mais pessoas trabalhando, mas pela métrica do IBGE, só é considerado desempregado aquele que não tem trabalho mas busca se recolocar ou entrar no mercado de trabalho. Por isso, além da taxa de desocupação, outra medida importante é a taxa de ocupação, das pessoas efetivamente trabalhando.
Na comparação trimestral, o número de pessoas ocupadas voltou a crescer após dois trimestres em queda, chegando a 99,3 milhões, um aumento de 1,3% em relação ao período de fevereiro a abril, com 1,3 milhão de pessoas a mais. Na comparação anual, o crescimento foi de 0,7% (mais 669 mil pessoas), o menor dos últimos 9 trimestres consecutivos de alta.
“Após a pandemia, tivemos um período de recuperação da população ocupada onde registramos aumentos intensos disseminados pelas atividades. À medida que esse processo de recuperação se consolida, os acréscimos voltam a ser mais influenciados pelas características econômicas e sazonais de cada atividade. Com isso, na perspectiva anual, o crescimento passa a ser menos intenso”, analisa a coordenadora.
Na comparação trimestral, o aumento da ocupação foi puxado pelo grupamento de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (mais 593 mil pessoas), Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (mais 296 mil pessoas). Estes também foram os principais aumentos no panorama anual.
“No grupo da Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais o que puxou no trimestre foi o aumento em educação e saúde, tanto no setor público como no privado. Na comparação anual, a maior influência veio da área da saúde. Já o grupamento de Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas foi influenciado, no trimestre, pelo segmento de tecnologias da informação e, no ano, pelas atividades administrativas, profissionais e financeiras”, destaca Beringuy.
A coordenadora destaca ainda a alta em Serviços domésticos, que cresceu 3,1% no trimestre, representando um aumento de 178 mil pessoas.
A taxa composta de subutilização ficou em 17,8%, queda nas duas comparações: 0,7 p.p. no trimestre e 3,1 p.p. no ano, totalizando 20,3 milhões de pessoas subutilizadas. Esse indicador é composto pela desemprego ou desocupação, tradicional indicador estatístico, somada à subocupação por insuficiência de horas trabalhadas e à força de trabalho potencial.
A coordenadora destaca ainda a queda no trimestre da população fora da força, que apresentou uma redução de -349 mil pessoas (-0,5%). “Essa população vinha crescendo há alguns trimestres e ficou estável no trimestre encerrado em junho. Neste trimestre encerrado em julho, ela reverte o sinal e vêm em queda”, ressalta.
O rendimento real habitual foi de 2.935 reais, estável frente ao trimestre anterior e de 5,1% maior no ano. A massa de rendimento real habitual (286,9 bilhões reais) cresceu 2,0% frente ao trimestre anterior e 6,2% na comparação anual. “Apesar do rendimento ter ficado estável, com o aumento no contingente de pessoas ocupadas, a massa de rendimento cresceu”, observa Beringuy.