Quando o número de telefone da escola aparece em chamada no celular, o coração de pais e mães, via de regra, estremece nos segundos antes de atender a chamada só de imaginar o que poderia ter acontecido. É essa angústia que a startup Coala Saúde, fundada em maio de 2022, quer eliminar com seu serviço de telemedicina voltado exclusivamente para escolas.
Em apenas um ano, a empresa triplicou sua operação, expandindo para mais de 140 instituições de ensino em todo o Brasil, e vem se firmando no mercado como a primeira plataforma de saúde escolar da América Latina.
A ideia da Coala surgiu de experiências do médico Rafael Kader, fundador e CEO da empresa, iniciadas ainda na faculdade de medicina. “Não segui o caminho trivial de um aluno de curso na escola de medicina do país, desde os 19 anos, comecei a tocar uma série de projetos”. Desde a graduação em Medicina se envolveu em projetos científicos e sociais, incluindo um programa de saúde em escolas públicas do Rio de Janeiro.
Essa vivência mostrou que dentro das escolas, muitas vezes, falta o know-how, a estrutura física e os recursos financeiros para lidar com situações de saúde, deixando o aluno desamparado e sobrecarregando educadores ou líderes escolares, além de preocupar os pais.. Ao trabalhar na linha de frente do combate à Covid 19, percebeu que a pandemia só intensificou esse abismo, revelando problemas de saúde mental e dificuldades físicas e sociais nas escolas.
A startup surge então como solução estratégica para integrar saúde e educação e preencher essa lacuna de cuidado. “Hoje a gente chega para ser o parceiro de saúde da escola, de saúde e inclusão escolar” afirma Rafael Kader, médico, fundador e CEO da startup.
Na estrutura da Coala Saúde, o pagamento pelos serviços prestados é feito pelas próprias escolas parceiras. São elas que contratam a startup para oferecer cuidados de saúde diretamente aos seus alunos e, em alguns casos, também aos funcionários. A partir dessa parceria, a Coala fornece uma gama de serviços, que inclui atendimentos de emergência, consultas de rotina, acompanhamento contínuo, e até suporte em saúde mental. Hoje a empresa tem 65 funcionários, sendo 34% focados no time de suporte médico às escolas.
“A Coala dá a segurança para os pais deixarem filhos na escola e ,poderem trabalhar o dia inteiro, seguros de que em qualquer intercorrência haverá uma primeira linha de cuidado, de acolhimento, que conhece a criança e conhece a escola”, explica Kader.
Com um modelo de atendimento acessível e humanizado, que se propõe a melhorar a gestão escolar e o bem-estar dos alunos, enquanto reduz custos para as famílias e escolas, a Coala Saúde projeta encerrar o ano com 10 mil acompanhamentos de saúde.
A startup, que captou 12,5 milhões de reais em uma rodada semente liderada pela Owl Ventures, não quer substituir o pediatra da família, mas, sim, complementar a jornada. Kader ressalta que a Coala Saúde não se limita à telemedicina, mas sim oferece um ecossistema completo de cuidados, que vai desde a prevenção e educação até a adequação jurídica e gestão de dados.
A plataforma integra a comunidade escolar e familiar, oferecendo um serviço que, segundo ele, possui o maior engajamento entre as ferramentas educacionais em escolas privadas brasileiras. “A gente quer ser um veículo disseminador de cuidado e acolhimento. A gente entende que a educação e a saúde vão caminhar juntas, como nunca antes, e tendem a caminhar ainda mais, principalmente pelos transtornos crônicos que têm acontecido e as demandas das famílias, que olham para a escola cada vez mais como rede de apoio”, diz,
Os resultados provam que a adesão tem sido alta. O uso da plataforma cresceu 200% no primeiro semestre e 96% dos atendimentos são realizados em menos de cinco minutos e resolubilidade clínica de 93%. A redução do absenteísmo escolar nas instituições parceiras é de 50%.
Entre seus clientes estão renomados grupos educacionais, como Raiz Educação, Rede CCPII e Maple Bear, além de escolas tradicionais, como Colégio Apogeu, Rio International School e Colégio PH3.
Os planos de expansão miram a oferta de novas linhas de serviço, incluindo a saúde mental e a inclusão escolar. Kader enxerga que a demanda por atendimento individual envolvendo a família está em constante crescimento, refletindo uma necessidade global que, segundo ele, ainda não foi plenamente atendida, nem nos Estados Unidos.
“A gente deve avançar muito em breve também ao público com esse cuidado clínico em saúde mental da criança e do adolescente, uma dor global que não é resolvida”, afirma.