O volume de serviços do Brasil, pressionado pela atividade de informação e comunicação, teve contração de 0,7% em março, comparado ao mês anterior, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 14, na Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o terceiro resultado negativo seguido. No acumulado do trimestre, o setor encerrou com queda de 0,6% sobre os três meses anteriores. Os resultados ampliam o cenário de economia fraca no início de 2019.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, o volume de serviços caiu 2,3%, a queda mais intensa desde maio de 2018 (-3,8%). Esse resultado interrompeu sete taxas positivas seguidas nessa comparação. Segundo o IBGE, o fato de o Carnaval ter acontecido em março, explica parte desse desempenho, pela influência de dois dias úteis a menos. No entanto, para o turismo, por exemplo, o feriado foi positivo. Já no acumulado dos três primeiros meses, com relação ao trimestre anterior, houve crescimento de 1,1%.
O setor de serviços vem mostrando dificuldades em apresentar uma recuperação contínua em um ambiente com mais de 13 milhões de desempregados, e acompanha os resultados fracos já vistos na indústria e no setor de varejo. “Por trás disso tudo tem uma economia lenta, com deterioração nas expectativas de empresários e com projeções cada vez menores para o crescimento do PIB”, afirmou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Além disso, as expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) vêm sofrendo sucessivas reduções. A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostrou que a projeção mais atual é de uma expansão de 1,45%, em 2019. Neste ano, a previsão já foi de 2,53%.
Segundo Lobo, “o poder público está sem fôlego para investir e o setor privado não está compensando e preenchendo essa lacuna. A nova aposta para uma abertura de portas aos investimentos e para a atividade econômica é a aprovação da reforma da Previdência, mas quem garante que isso vai realmente acontecer?”, questiona.
O IBGE informou que, em março, três das cinco atividades apresentaram quedas, com destaque para o recuo de 1,7% em serviços de informação e comunicação. “Telecomunicações é uma devolução de altas do fim do ano passado”, afirma Lobo. O volume de serviços profissionais, administrativos e complementares caiu 0,1% e o de outros serviços contraiu 0,2%.
Na outra ponta, serviços prestados às famílias aumentaram 1,4%, enquanto transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio tiveram ganhos de 0,5%. Entretanto, o transporte terrestre teve queda de 1,9% no mês, também pesando sobre o resultado. “No caso dos transportes, é reflexo de uma economia lenta e com baixo dinamismo”, afirma Lobo.
(Com Reuters)