Setor de serviços avança em junho e cresce 4,7% no semestre
Restaurantes e eventos culturais ajudaram o resultado do mês; mercado esperava avanço maior, de 0,5%
O volume de serviços prestados no Brasil variou 0,2% em junho, segunda taxa mensal consecutiva no campo positivo. A variação veio abaixo das estimativas do mercado, que projetava crescimento de 0,5% no período. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 10, o maior setor do PIB acumula alta de 4,7% no primeiro semestre e um crescimento de de 6,2% nos últimos 12 meses.
Já em junho, três das cinco atividades investigadas pela pesquisa cresceram em junho. Os serviços profissionais, administrativos e complementares (0,8%) recuperaram parte da queda (-1,2%) acumulada nos dois meses anteriores. “Entre os destaques dessa atividade estão as empresas de atividades jurídicas, as de administração de cartões de desconto e de programas de fidelidade e as de engenharia. Um fator que pode explicar esse crescimento no primeiro segmento são os ganhos de causa que eventualmente ocorrem no mesmo período em várias empresas e provocam o aumento de receita”, diz o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Com avanço de 1,9% em junho, os serviços prestados às famílias acumulam ganho de 4,1% nos últimos três meses. “O segundo maior impacto sobre o índice geral veio dessa atividade, que foi impulsionada pelo crescimento da receita de restaurantes e de espetáculos teatrais e musicais”, destaca o pesquisador.
Os serviços de informação e comunicação (0,5%) ficaram no campo positivo pelo segundo mês seguido, acumulando alta de 1,3% no período. Esse resultado está relacionado ao bom desempenho das empresas de portais, provedores de conteúdo e ferramentas de busca na Internet e de desenvolvimento e licenciamento de softwares.
No lado negativo, os transportes variaram -0,3%, após terem avançado 2,2% no mês anterior. “Essa variação negativa é muito próxima à estabilidade. Esse resultado foi pressionado por quatro segmentos: gestão de portos e terminais, o transporte aéreo de passageiros, o transporte rodoviário coletivo de passageiros e o transporte por navegação interior de carga. No caso do aéreo de passageiro, pode estar ligado ao aumento dos preços das passagens em junho. Nem sempre essa inflação causa queda na receita das empresas, mas, em geral, há essa correlação”, pontua Lobo.
O transporte de passageiros recuou 1,2% frente a maio, enquanto o de cargas avançou 0,6% na mesma comparação. Individualmente, o transporte de cargas foi o segmento que mais impactou o resultado positivo do setor de serviços em junho. “Nesse mês, ele atinge novamente o ponto mais alto da sua série histórica. Há três fatores que explicam esse desempenho: o escoamento da produção agrícola, que está atingindo recordes de safra, o boom do comércio eletrônico, que gera uma grande demanda para o setor de transportes de cargas, e o transporte de mercadorias industriais, como os bens intermediários e os bens de capital, que operam acima do nível pré-pandemia”, destaca o gerente da pesquisa.
Além de informação e comunicação, o setor de outros serviços (-0,4%) também variou negativamente. O segmento havia avançado 0,8% em maio.