Relatório de inflação ajuda a prever tamanho da nova alta da Selic
Abertura de mercado: Investidores têm sido surpreendentemente pessimistas com a trajetória de preços no Brasil e apostam em uma subida firme dos juros
O Banco Central divulgou o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), documento que sinaliza as projeções para o IPCA daqui para frente e ajuda a calibrar a direção da política monetária. O documento é importante sempre, mas ganha peso dobrado nesta quinta. É que investidores têm sido surpreendentemente pessimistas com a trajetória de preços no Brasil e apostam em uma subida firme da Selic.
Na contramão da tendência global, o BC subiu a Selic em 0,25 ponto percentual, para 10,75%, e analistas projetam que o novo aumento pode ser de 0,50 p.p.
Isso apesar de os dados recentes de inflação se mostrarem mais comportados que as projeções. Ontem, o IBGE mostrou que o IPCA-15 (uma espécie de prévia da inflação oficial) avançou 0,13% em setembro, abaixo do piso das projeções do mercado financeiro.
Ainda assim, economistas continuam a repetir que a Selic precisa subir pesadamente para garantir que a inflação feche dentro do teto da meta, que é de 4,5%.
Essa percepção foi verbalizada por João Piccioni, gestor da Empiricus Gestão, em entrevista a VEJA. Outros analistas disseram que o problema está na resiliência do setor de serviços. O relatório de inflação ajudará a compor as apostas e a ajustar o tamanho do pessimismo da Faria Lima.
Além do RTI, o IBGE publica ainda a inflação ao produtor, que funciona também como um indicador antecedente do IPCA.
Os mercados amanhecem de bom humor nesta quinta, com os futuros americanos em alta sólida, movimento que se repete na Europa. Mais uma vez o otimismo vem da China. Pelo terceiro dia seguido o país anunciou medidas de estímulo à economia, dessa vez com um pacote de medidas fiscais – ou seja, aumento de gastos do governo. O possível aumento de demanda por lá incrementaria as exportações do mundo todo.
Na agenda do dia, há o resultado final do PIB dos EUA no segundo trimestre, sem perspectiva de grandes surpresas. O que deve atrair a atenção de investidores é a sequência de discursos de dirigentes do Fed, com atenção especial à fala de Powell, às 10h20.
Se no Brasil a discussão é sobre o tamanho da alta da Selic, nos EUA só se fala da magnitude do próximo corte. A ver se Powell dá pistas sobre o assunto.
Agenda do dia
9h30: EUA divulgam resultado final do PIB e PCE do 2TRI
9h30: EUA publicam pedidos de auxílio-desemprego da semana até 21/9
10h10: Susan Collins (Fed/Boston) participa de conversa com Adriana Kugler
10h15: Michelle Bowman (Fed) participa de evento
10h20: Powell discursa em conferência, onde também participam John Williams e Michael Barr, além de Janet Yellen
10h30: Christine Lagarde discursa em evento na Alemanha
11h: Entrevista coletiva sobre RTI com Campos Neto e Guillen
11h30: Lisa Cook (Fed) participa de mesa redonda
14h: Neel Kashkari (Fed/Minneapolis) participa de conversa com Michael Barr
19h: Lisa Cook discursa em evento
22h30: China anuncia lucro industrial de agosto
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