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Queda de 70% das vendas faz Ricardo Eletro pedir recuperação judicial

Fundador do grupo varejista foi preso na quarta-feira, 8, acusado de sonegar impostos; a rede foi vendida para investidores em 2018

Por Machado da Costa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Felipe Mendes Atualizado em 13 jul 2020, 15h52 - Publicado em 10 jul 2020, 13h05
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  • A rede varejista Ricardo Eletro entrará no início da próxima semana com uma ação cautelar preparatória de Recuperação Judicial na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, no Foro Central Cível de São Paulo. O pedido de ajuda ao judiciário acontece poucos dias após o fundador do grupo varejista, Ricardo Nunes, ser preso em Minas Gerais em operação que investiga sonegação fiscal e lavagem de dinheiro no estado mineiro. A força-tarefa composta pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pela Receita Estadual e pela Polícia Civil acusa o grupo de ter sonegado cerca de 400 milhões de reais ao longo de quase 10 anos. Agora, com o grupo pressionado pelos credores e pela queda expressiva de faturamento durante a pandemia, a empresa recorre à Justiça para blindar seus ativos e renegociar as dívidas. A partir do momento em que a ação cautelar for aceita, a varejista terá 30 dias corridos para apresentar o pedido principal de recuperação judicial.

    A Máquina de Vendas, holding da qual pertencem a Ricardo Eletro e outras quatro grandes varejistas regionais, até tentou evitar que a situação chegasse a esse ponto. Em março, a varejista entrou com uma liminar na Justiça paulista com o intuito de proteger a empresa. Nos autos, a companhia alegava estar com 74 lojas com pedidos de despejo — cerca de 25% do número total de unidades — e aproximadamente 100 milhões de reais em ordens de bloqueio de ativos da rede. O grupo ainda tem outras grandes dívidas. A companhia está entre os 500 maiores devedores da Previdência Social, por falta de recolhimento de obrigações previdenciárias para o INSS. Ao todo, a Ricardo Eletro deve mais de 75 milhões de reais à União — a empresa reconhece uma parcela dessa dívida e estava renegociando o valor com o Estado, mas, com a pandemia do novo coronavírus, as negociações foram paralisadas. A rede varejista possui lojas em 17 estados e teve um plano de recuperação extrajudicial homologado pela Justiça em 2019. Na época, as dívidas eram estimadas em 2,5 bilhões de reais com fornecedores e bancos. O pedido foi feito após a empresa receber um aporte de 250 milhões de reais do fundo de private-equity Starboard, que está reestruturando a firma.

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    A pandemia foi o golpe de misericórdia para a empresa. Ainda que as vendas do comércio eletrônico tenham se acelerado, a projeção de faturamento do grupo para o ano é de queda de 70% — em 2019, a receita da rede esteve próxima a 2 bilhões de reais. Ou seja, um declínio catastrófico. Com o deferimento da recuperação judicial, a empresa deve iniciar um processo agressivo de fechamento de lojas e redobrar à atenção ao e-commerce — reforçando, sobretudo, sua atuação como marketplace. “Os quatro meses com lojas fechadas, sem ajuda do governo, sem ajuda dos bancos, sem apoio de ninguém, fizeram com que a empresa não se sustentesse mais”, disse uma fonte ligada à companhia. “Prevemos um segundo semestre muito conservador, com instabilidade na reabertura das lojas e demanda bastante retraída por causa do aumento do desemprego. Ainda estamos decidindo o tamanho da empresa em número de unidades para o futuro, mas a nossa situação hoje está insustentável devido à necessidade de capital de giro”.

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    Na noite de quinta-feira, o empresário Ricardo Nunes foi liberado após prestar depoimento que durou três horas. Ele deverá acompanhar o processo em liberdade. A filha do empresário, Laura Nunes, também presa na operação de quarta, Laura Nunes, foi liberada após prestar depoimento. O superintendente Pedro Daniel também foi levado a depor, mas depois, liberado. A despeito do infortúnio, representantes da empresa mostraram-se satisfeitos com a exposição de mídia, que indicou que a Ricardo Eletro ainda tem um nome relevante no comércio varejista nacional.

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