A decisão do governo de intervir na segurança pública do Rio de Janeiro terá impacto pequeno para o mercado financeiro, segundo analistas consultados por VEJA. O maior efeito é a postergação da reforma da Previdência, cujo déficit crescente é ruim para as contas públicas do país. A Constituição não pode ser alterada enquanto durar uma intervenção federal, e a mudança nas aposentadorias e pensões é uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição). O Planalto pretendia discutir a reforma em plenário na próxima semana e votá-la até o fim do mês.
Mas em meio aos sinais do próprio governo e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que há dificuldades para cumprir o prazo, os agentes do mercado já não tinham grande expectativa de que a medida seria aprovada. “O mercado está receoso, achando que a reforma da Previdência não sai tão cedo”, diz Pedro Afonso, chefe de operações da corretora Gradual.
Dessa forma, a aprovação da medida já ficava fora dos cálculos de muitos – no jargão econômico, diz-se que o adiamento estava “precificado”. “O impacto não é grande. Não há sinais de stress, como queda forte da bolsa, e o dólar e os juros subirem”, avalia Pedro Silveira, economista-chefe da corretora Nova Futura Investimentos.
A Bolsa de Valores de São Paulo operava em queda de 0,2% por volta das 11h50 desta sexta-feira, aos 84.122 pontos. O dólar comercial subia 0,11%, sendo vendido a 3,2396 reais. A avaliação é de que se a reforma não for aprovada até o fim do mês, haverá dificuldade para discuti-la depois em meio às preocupações dos parlamentares com as eleições.
Para Fabio Klein, analista da consultoria Tendências, outro efeito possível para as contas públicas, além do adiamento da reforma da Previdência, seria o aumento de auxílios financeiros ao Rio de Janeiro além do previsto no Orçamento, ou para outros estados com problemas parecidos, como o Rio Grande do Norte .”Não que isso seja o cenário mais provável, mas também não podemos descartá-lo”, considera.