Por que o BC está preocupado com os gastos dos brasileiros com bets
'Tudo o que pode impactar o canal de crédito é relevante para a nossa função', disse Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, diz que o BC está monitorando os efeitos da alta no volume das apostas esportivas no nível de endividamento dos brasileiros.
“Tudo o que pode impactar o canal de crédito é relevante para a nossa função”, disse Campos Neto, durante entrevista coletiva para comentar o Relatório Trimestral de Inflação, nesta quinta-feira, 26.
Os brasileiros gastam 20 bilhões de reais por mês com as bets, segundo dados divulgados dos primeiros meses do ano. “A gente começou a ver, através das transferências, que o volume crescia muito rápido”, disse Campos Neto, que citou também o alto volume de beneficiários do Bolsa Família que estão apostando.
Reforçando que o Banco Central não é responsável por fazer política pública em relação às bets, o presidente do BC disse que a preocupação da autarquia está ligada ao impacto no mercado de crédito. “Nós temos uma preocupação, e eu levantei esse ponto em uma última reunião, de você ter o canal de crédito muito conectado com o canal de apostas.
Embora o BC não tenha analisado o impacto das apostas na inflação ou no crescimento econômico, eles estão atentos ao crescimento do volume de transações e ao aumento do ticket médio das apostas. O objetivo é entender melhor o impacto disso no sistema de crédito e, eventualmente, ajudar o governo a mitigar potenciais problemas futuros.
Cerca de 10% a 15% dos pagamentos de apostas online são feitos por cartão de crédito, segundo o BC. A partir da próxima terça-feira, 1, o uso de cartão de crédito será proibido, a proibição vale para todas as plataformas que integram a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL).
“O grosso hoje é via PIX, não é cartão de crédito, que deve ser 10% a 15%. Quando impede usar cartão de crédito, pode fazer via carteiras digitais. É algo que estamos olhando também”, afirmou o presidente do Banco Central.