Envolvida nos casos de corrupção descobertos pela Operação Lava Jato, a UTC terá 22 anos para quitar suas dívidas, que superam 3 bilhões de reais. Isso será possível porque os credores do Grupo UTC aprovaram seu plano de recuperação judicial em assembleia realizada nesta quarta-feira em São Paulo.
Quando pediu recuperação judicial, em julho de 2017, a UTC alegou que enfrentava dificuldades financeiras desde 2014, quando começou a Lava Jato. Essa situação foi agravada pela proibição de fechar novos contratos com a Petrobras, sua principal cliente.
Segundo a UTC Participações, a aprovação do plano permitirá dar continuidade às atividades empresariais do grupo, além do cumprimento das obrigações junto aos funcionários e ex-funcionários, parceiros e fornecedores.
Às vésperas de pedir recuperação, a UTC realizou uma demissão em massa: cortou mais de 4.000 funcionários que prestavam serviços em plataformas da Petrobras. A maioria não recebeu as verbas indenizatórias até hoje. Conseguiram apenas que a empresa desse baixa na carteira para que pudessem sacar o FGTS e receber o seguro-desemprego.
De acordo com a UTC Participações, a aprovação do plano permitirá que o grupo venda ativos não operacionais, como unidades produtivas isoladas, conforme a Lei de Recuperação Judicial e de Falências. O dinheiro obtido será usado “de forma prioritária para o pagamento das dívidas trabalhistas e para o capital de giro das empresas”.
O advogado Rodrigo Quadrante, responsável pelo processo de recuperação judicial da UTC, diz que os trabalhadores terão prioridade no recebimento dos créditos. “O passivo trabalhista deve ser quitado em um ano por meio da venda de ativos não relacionados à atividade de engenharia e construção.”
Segundo Quadrante, a aprovação do plano garante a reestruturação da dívida da UTC, permitindo que ela volte a participar de novas obras e construções.
Em nota, o grupo afirma que nos últimos quatro anos “aprimorou suas práticas de governança corporativa e o seu programa de integridade (Compliance), sendo que, com o Acordo de Leniência, o Grupo UTC não somente reconheceu seus erros e colaborou efetivamente com as Autoridades, mas também se comprometeu a efetuar o ressarcimento e a reparação de danos à Administração Pública – algo que não será afetado pela recuperação judicial”.