O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2017 foi considerado estável (0,1%) em relação ao trimestre anterior. O número representa uma queda em relação às divulgações anteriores — que tiveram altas de 1,3% e 0,7%, segundo os dados revisados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira.
Mas apesar da diminuição no ritmo, a economia segue na trajetória recuperação, ainda que fraca, segundo especialistas ouvidos por VEJA. O consumo segue em alta, e um dos destaques no período é a volta dos investimentos.
Principal motor da alta no primeiro trimestre — e que também teve desempenho bom no segundo — o setor agropecuário apresentou recuo de 3% nos três meses até setembro. Para o analista da Fundação Getulio Vargas (FGV) Julio Megreb os resultados fortes no começo do ano aconteceram graças à safra recorde e distorceram a comparação. “Quando excluímos o resultado negativo desse segmento, o crescimento é da ordem de 1,2%. Isso mostra que a recuperação está difundida”, afirma.
Ainda do lado da produção, os setores de serviços e a da indústria registraram maior atividade nos três meses encerrados em setembro do que nos imediatamente anteriores — altas de 0,6% e 0,8%, respectivamente. Os serviços, que respondem por quase dois terços da economia nacional, tiveram alta pelo terceiro trimestre seguido neste tipo de comparação. Já o setor industrial se recuperou após uma queda no período anterior, puxado pela indústria de transformação.
Consumo
Ao se analisar o desempenho da economia pelo lado do consumo, o grande destaque foi a volta dos investimentos para o campo positivo (1,6%) pela primeira vez desde o terceiro trimestre de 2013. Segundo o analista em macroeconomia da consultoria Tendências Bruno Levy o número indica que há substituição de equipamentos defasados mas também investimentos feitos para aumentar produção. “Tem empresas olhando para a frente e esperando uma demanda mais forte”, explica.
Para os especialistas, os dados divulgados hoje indicam que as condições continuam favoráveis para que as famílias aumentem o consumo. Esse indicador subiu 1,2%, a terceira alta seguida. Dentre os motivos estão a inflação em patamares baixos e o aumento da massa salarial — rendimentos pagos ao total de trabalhadores, influenciado também pela queda no desemprego.
A avaliação é de que o impulso dado pela liberação dos recursos das contas inativas do FGTS — que injetou 44 bilhões na economia — teve impacto pontual e mais forte nos trimestres anteriores. A expectativa é de que a queda na taxa básica de juros (Selic) nos últimos meses dê suporte à redução do endividamento e permita expansão de crédito.