PIB registra estabilidade no 3º trimestre, com variação de 0,1%
Resultado é melhor que o esperado pelo mercado, que projetava recuo de 0,3%, e mostra a desaceleração da atividade econômica após um 1º semestre aquecido
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou estabilidade no terceiro trimestre, variando 0,1%, quando comparado ao trimestre anterior, na série com ajuste sazonal. Os dados mostram uma desaceleração em relação ao crescimento de 0,9% no período de abril a junho deste ano, e vem melhores do que a estimativa do mercado financeiro, que projetava um recuo de 0,3% no período. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram divulgados nesta terça-feira, 5 de dezembro.
O PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, totalizou R$ 2,741 trilhões em valores correntes no trimestre encerrado em junho. No acumulado do ano, o crescimento registrado é de 3,2%.
O resultado mostra tendência de desaceleração da economia brasileira ao longo do ano, depois de um primeiro semestre com desempenho acima da expectativa. A estimativa do mercado financeiro é que a economia brasileira encerre o ano com crescimento de 2,84%, ritmo semelhante a do ano passado, quando avançou 2,9%. Na divulgação do primeiro trimestre, o mercado estimava que a economia brasileira avançasse 1,3% e, na divulgação do resultado da economia no segundo trimestre, o ritmo estimado pelos analistas era de 2,3%. O Ministério da Fazenda estima um avanço de 3% no PIB este ano.
O resultado próximo da estabilidade a variações positivas da Indústria (0,6%) e Serviços (0,6%). “Olhando por dentro do setor de serviços, os maiores destaques são as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,3%), especialmente na parte ligada aos seguros, e as imobiliárias (1,3%), com o aumento no número dos domicílios”, diz a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
A agropecuária caiu 3,3% no trimestre. De acordo com os dados revisados na publicação, essa foi a primeira queda da atividade após cinco trimestres com taxas positivas. s. “A agropecuária atingiu o seu maior patamar no trimestre passado e neste há a saída da safra da soja, a maior lavoura brasileira, que é concentrada no primeiro semestre. Então há a comparação de um trimestre em que há um grande peso da soja com outro em que ela não pesa quase nada. Portanto, essa queda era esperada, mas está sendo um bom ano para a atividade, que está acumulando alta de 18,1% até o terceiro trimestre”, avalia a pesquisadora.
Demanda
Na ótica da demanda, houve queda de 2,5% nos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) frente ao segundo trimestre. Essa foi a quarta queda consecutiva desse indicador. Segundo Palis, há um reflexo da política monetária mais restritiva. A taxa básica de juros, a Selic, está em 12,25% no ano. “É um reflexo da política monetária contracionista, com queda na construção e também na produção e importação de bens de capital. Todos os componentes que mais pesam nos investimentos caíram neste trimestre”, analisa Rebeca.
Na mesma comparação, a Despesa de Consumo das Famílias aumentou 1,1% e a do Governo, 0,5%. “O crescimento do consumo das famílias é explicado por alguns fatores, como os programas governamentais de transferência de renda, a continuação da melhora do mercado de trabalho, a inflação mais baixa e o crescimento do crédito. Por outro lado, apesar de começarem a diminuir, os juros seguem altos e as famílias seguem endividadas. Houve também a queda no consumo de bens duráveis”, destaca a coordenadora.
Ano x Ano
Quando a comparação é feita com o mesmo trimestre de 2022, o PIB cresceu 2,0%, impactado pelos resultados positivos dos três grandes setores. Nesse período, a agropecuária avançou 8,8%, com o aumento na estimativa de algumas culturas que têm safra relevante no terceiro trimestre, como o milho, a cana-de-açúcar, o algodão herbáceo e o café, e também da pecuária.
Na indústria, a alta foi de 1,0% frente ao terceiro trimestre do ano passado. Também nessa comparação, a maior variação positiva veio da atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (7,3%), com o impacto do maior consumo de eletricidade no ano. Houve alta nas indústrias extrativas (7,2%) e queda nas atividades de construção (-4,5%) e das indústrias de transformação (-1,5%).
Já o setor com maior peso no PIB, o de serviços, avançou 1,8% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Todas as suas atividades ficaram no campo positivo: atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (7,0%), atividades imobiliárias (3,6%), informação e comunicação (1,6%), transporte, armazenagem e correio (1,6%), outras atividades de serviços (1,1%), comércio (0,7%) e administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,4%).