A Petrobras anunciou na manhã desta quinta-feira a suspensão de um contrato de fornecimento de gás com a empresa Âmbar por causa de corrupção. A companhia atua no setor de energia e é parte do grupo J&F, que também controla o frigorífico JBS. A Petrobras disse que vai pedir 70 milhões de reais de indenização por causa da quebra desse contrato, que iria até o fim deste ano.
Segundo a Petrobras, há uma cláusula no contrato entre as duas empresas em que a Âmbar afirmava não ter pago ou oferecido vantagem indevida a nenhuma autoridade pública. A empresa alega que tomou conhecimento de que um dos donos da J&F, Joesley Batista, admitiu em delação premiada ter cometido atos ilícitos.
A delação premiada do executivo, que veio a público há três semanas, derrubou os mercados e também as ações da JBS após o envolvimento do presidente Michel Temer no que seria o aval à compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O empresário relata pagamento de bilhões em propinas e doações ilegais a diversos políticos.
A JBS fechou na última semana acordo de leniência com o Ministério Público, que prevê pagamento de multa de 10,3 bilhões de reais em multa, para não ser processada ao revelar novos crimes. A empresa também enfrenta investigações sobre casos ilícitos referentes a empréstimos junto ao BNDES e processos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre atuação no mercado financeiro.
A Petrobras diz que fez a notificação nesta quinta-feira, e que a suspensão do fornecimento ocorrerá dentro de dez dias.
Procurada por VEJA, a Ãmbar confirmou que foi notificada, mas nega que seja alvo de investigação sobre corrupção. “Todos os fatos relatados na colaboração com a Justiça por executivos da J&F se dão no âmbito da holding, e não da Âmbar. A Âmbar ressalta ainda que, no acordo de leniência assinado pela J&F com o Ministério Público Federal, todas as controladas da holding estão autorizadas a celebrar contratos com instituições e empresas públicas”, diz trecho da nota da empresa.