A Petrobras informou, nesta quinta-feira (6) que irá criar um mecanismo de proteção financeira (hedge) para controlar o preço da gasolina. Com isso, os reajustes, que hoje são diários, poderão acontecer a cada 15 dias.
“A Petrobras entende ser importante implementar mecanismos que lhe permitam ter a opção de alterar a frequência dos reajustes diários do preço da gasolina no mercado interno, podendo até mantê-lo estável por curtos períodos de tempo, de até 15 dias, conciliando seus interesses empresariais com as demandas de seus clientes e agentes de mercado em geral”, informou a companhia.
O diretor financeiro da Petrobras, Rafael Grisolia, afirmou que a empresa identificou que era importante “trazer mecanismos financeiros de proteção para os momentos de volatilidade da gasolina e do câmbio”. Ele não informou, no entanto, porque a empresa optou por utilizar essas ferramentas financeiras neste momento.
Na quarta-feira (5), litro da gasolina ficou 1,68% mais caro nas refinarias do país, passando de 2,17 reais para 2,20 reais. É o maior valor desde a política adotada há um ano, com os preços atrelados ao mercado internacional.
Segundo a estatal, essa proteção poderá ser aplicada em momentos de oscilação do preço da gasolina no mercado internacional. Vale lembrar que a cotação é em moeda americana, impacta os custos por aqui diante da desvalorização do real frente ao dólar. A moeda americana ultrapassou a barreira dos 4 reais e atualmente oscila entre 4,10 a 4,20 reais, o que interfere muito no preço da gasolina.
“São mecanismos que mantêm o resultado financeiro para a companhia. São opções. Continua a de reajuste diário”, afirmou o diretor financeiro.
A Petrobras passará a comprar derivativos de gasolina na bolsa de Nova York, além de hedge cambial, que suportarão a manutenção do preço por um período de até 15 dias, considerado o máximo de eficiência financeira, sempre que for detectada instabilidade no mercado.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, disse que a medida anunciada nesta sexta-feira pela Petrobras é positiva, pois, irá trazer mais tranquilidade ao mercado.
“Nessa época do ano, as questões climáticas, como furacões nos Estados Unidos, influencia muito os preços internacionais, muitas refinarias param a operação. Além disso, o fator eleição presidencial no Brasil tem impactado muito o dólar e a moeda americana tem oscilado muito e sempre acima de 4 reais. Quando tiver cenários desse tipo e o preço da gasolina disparar, a Petrobras pode segurar o reajuste em até 15 dias. Isso é bom para o mercado”, disse Pires.
Em fase de teste, essas medidas poderão ser estendidas para outros produtos, como o óleo diesel, no futuro. Atualmente, não faz sentido aplicar essas ferramentas no diesel, porque o combustível está sendo subsidiado pelo governo.
O mecanismo financeiro anunciado pela Petrobras nesta quinta-feira para evitar volatilidade excessiva no preço da gasolina no prazo de 15 dias não evitará o repasse de altas da cotação da commodity no mercado internacional, segundo Jorge Celestino. “O que essa ferramenta está tirando é a volatilidade. O delta (de variação de preço) ao final dos períodos se mantém, será aplicado”, afirmou.
Como exemplo de eventos que podem causar volatilidade excessiva, Celestino citou ocorrências climáticas nos Estados Unidos. “Os preços sempre vão variar segundo a oferta e a demanda. Mas existem fatores que vão impactar, por exemplo, uma temporada de furacão nos Estados Unidos, que deixa algumas instalações indisponíveis. Isso traz um efeito de volatilidade que não é estrutural, é conjuntural”, afirmou.
Com Estadão Conteúdo