A população mais pobre sente o dobro do peso da inflação se comparado aos mais ricos, segundo levantamento realizado Instituto de Pesquise Econômica (Ipea). Com a inflação ainda persistente, de 10,38% no acumulado de 12 meses até janeiro, a alta dos preços afeta especialmente a cesta de alimentos e bebidas, comprometendo o poder de compra de itens básicos de subsistência das famílias.
A inflação para as famílias de baixa renda foi de 0,63% no mês de janeiro, enquanto para os mais abastados a inflação teve efeito de 0,34% nos preços dos produtos. Segundo o Ipea, o gasto com alimentos consumiu metade do dinheiro das famílias, ou seja, com a inflação correspondendo a 0,31% da categoria para esse grupo. Assim como a pesquisa do Ipea, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias que ganham até 5 salários mínimos, ficou acima da variação de 0,54% do IPCA de janeiro, em 0,67%. Essa é considerada a maior variação do índice para o mês desde 2016.
De acordo com o Ipea, essa é a maior inflação para a população mais pobre já identificada na pesquisa. Os alimentos continuam pressionando a IPCA. Em janeiro, oito dos nove grupos de produtos pesquisados pelo IBGE registraram alta, com destaque para Alimentação e Bebidas (1,11%), com frutas com alta de 3,40%, e carnes de 1,32%. Também registraram as maiores alta do mês: cenoura (27,64%), laranja (14,9%), cebola (12,43%), banana (11,7%), batata-inglesa (9,65%) e tomate (6,21%), café (4,8%), e óleo de soja (1,8%).
Para a população mais rica, a inflação desacelerou, caindo de 0,82% para 0,34%. O principal motivo para essa redução foi o arrefecimento do preço dos combustíveis, das passagens aéreas e do transporte por aplicativo, itens bastante consumidos pela classe de alta renda.
No acumulado de 12 meses, a inflação é mais sentida pela renda média-baixa, brasileiros com rendimentos entre 2,7 mil reais a 4,5 mil reais por mês, com forte impacto da inflação na categoria transportes e habitação. Nessa classe, a inflação acumulada de 12 meses foi de 10,8%, avanço de 0,4 pontos percentuais em relação a dezembro. Para a renda muito baixa, com rendimento de até 1,8 mil reais, a taxa foi de 10,5%, e para os de alta renda, com rendimentos acima de 17 mil, foi de 9,6%.