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Pedidos de auxílio-desemprego nos EUA têm o menor patamar desde março

Foi a primeira vez desde o início da pandemia que as solicitações semanais foram menores que 1 milhão em uma semana; dado mostra fôlego na recuperação

Por Luisa Purchio Atualizado em 13 ago 2020, 11h53 - Publicado em 13 ago 2020, 11h42
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  • Dados divulgados na manhã dessa quinta-feira, 13, pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, mostraram que os pedidos de auxílio desemprego no país vieram abaixo de 1 milhão pela primeira vez desde março, quando a pandemia do novo coronavírus explodiu por lá. Os pedidos do benefício na semana terminada no dia 8 de agosto foram 963 mil, 228 mil a menos que na semana anterior. Os dados vieram abaixo do esperado pelos economistas, que projetavam 1,1 milhão de solicitações, e indicam a recuperação da maior economia do mundo. “Isso confirma a tração do processo de recuperação do mercado de trabalho americano. Os pedidos de desemprego são importantes por se tratarem de um dado latente com um atraso muito pequeno, de apenas uma semana”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

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    Repercutindo os dados otimistas, as bolsas americanas operaram em alta logo após a divulgação dos dados, às 10h no horário de Brasília. O Dow Jones subia 1,05%, a 27.976,84 pontos, enquanto o S&P 500 operava em alta de 1,40%, para 3.380,35 pontos. Já os mercados futuros, que estavam em queda antes da divulgação, reverteram a direção, mas ficaram praticamente no zero a zero no horário: o Dow Jones em alta de 0,09%, a 27.891 pontos, e o S&P 500 em alta de 0,10%, a 3.373,25 pontos. No final da manhã, porém, o Dow Jones à vista reverteu a direção e também foi para o zero a zero, operando em queda de 0,18%. Essa mudança se deve à expectativa dos mercados pela aprovação de um novo pacote de benefícios pelo Congresso. Mesmo que o presidente americano, Donald Trump, tenha prorrogado alguns benefícios via decreto, o entendimento no legislativo é fundamental para a aprovação de um pacote mais robusto.

    No Brasil, o Ibovespa, por sua vez, hoje abriu em leve alta, de 0,22%, a 102.337,96 pontos. A subida é baixa diante dos dados positivos no emprego americano e dos números divulgados na manhã de hoje pelo IBGE de crescimento de 5% no setor de serviços, depois de quatro meses de queda negativa. Essa aversão ao risco dos investidores brasileiros se explica pela instabilidade da equipe de Paulo Guedes no Ministério da Economia, agravada com as duas demissões realizadas essa semana: de Salim Mattar, secretário especial de Desestatização e Privatização, e de Paulo Uebel, de desburocratização, Gestão e Governo Digital. “O mercado está tentando precificar essa incerteza em relação à permanência do Guedes no governo. Junto com isso, temos a questão fiscal se deteriorando com a discussão em Brasília sobre a possibilidade de furar o teto de gastos. Se isso de fato acontecer, o endividamento público vai para um patamar ainda maior, o que aumenta o prêmio de risco do país e os juros”, diz Paloma Brum, analista da Toro Investimentos.

    O dólar futuro, por sua vez, estava em queda de quase 1% na manhã de hoje, a 5,415 reais, refletindo a intervenção no câmbio que o Banco Central fez na quarta-feira, 12, para acalmar os investidores. A queda na cotação da moeda brasileira hoje também foi influenciada pelo pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro ao lado dos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, reafirmando as reformas econômicas e a manutenção do teto dos fastos públicos. O comunicado foi feito no final do dia de ontem, depois do fechamento do mercado. Os contratos futuros da moeda americana haviam encerrado a sessão em 5,4615 reais, alta de 1,13%. “Ontem o dólar chegou a subir 2% no mercado à vista, o que levou o BC a intervir no câmbio pela 1ª vez desde junho, com dois leilões de swaps cambiais”, diz Brum.

    Mesmo diante do pronunciamento político de ontem, a aversão ao risco dos investidores brasileiros e a necessidade de ações do BC para impedir mais desvalorizações do real mostram que, enquanto o Brasil não resolver seus problemas domésticos, principalmente na esfera política, a recuperação da crise da Covid-19 não conseguirá, por si só, resolver a crise econômica do país.

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