No último mês do ano, as previsões para a economia continuam a sofrer reajustes. O movimento é normal nas análises, já que a economia é viva, mas, com a pandemia do novo coronavírus, ficaram ainda mais em evidência. Com um choque nunca antes visto nas atividades em todo mundo, a preocupação com a magnitude do impacto foi grande e, após o primeiro abalo, as projeções têm melhorado com as reaberturas e notícias sobre vacinas. Nesta terça-feira, 1º, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) melhorou as perspectivas para o PIB mundial mesmo com o aumento de casos de Covid-19 em diversos países. “Pela primeira vez desde o início da pandemia, agora há esperança de um futuro melhor”, afirma Laurence Boone, economista-chefe da OCDE. Para que os próximos anos sejam melhores, uma política eficaz de imunização é necessária e, segundo a organização, os países que reagirem de forma mais ágil a uma ampla vacinação devem ter uma recuperação melhor.
Segundo a projeção divulgada, a economia global deve encolher 4,2% este ano, crescer 4,2% no próximo ano e desacelerar a 3,7% em 2022, disse a OCDE em seu relatório Perspectivas Econômicas. Na última previsão, a entidade estimava uma contração de 4,5% em 2020, e uma alta de 5% em 2021. A OCDE não tinha na época estimativa para 2022. “As campanhas de vacinação, políticas de saúde concertadas e apoio financeiro do governo devem elevar o PIB global em 4,2% em 2021, após uma queda de 4,2% neste ano. A recuperação seria mais forte se as vacinas fossem lançadas rapidamente, aumentando a confiança e reduzindo a incerteza”, afirma o documento.
No relatório, a OCDE projeta uma recuperação desigual entre os países, “levando a mudanças duradouras na economia mundial”. A avaliação é que os países com sistemas eficazes de testagem e isolamento e com uma política de vacinação implantada de forma rápida terão desempenho relativamente bom. Nesse quesito, a OCDE destaca a importância da China na recuperação do PIB global. “A China, que começou a se recuperar mais cedo, deve crescer fortemente, respondendo por mais de um terço do crescimento econômico mundial em 2021″, diz a economista-chefe da organização. Uma das mudanças mais significativas trazidas para a projeção é que a contribuição da Europa e da América do Norte para o crescimento global será menor, “embora isso possa se reverter um pouco se a distribuição da vacina for rápida e eficiente”.
A organização destaca a importância de convênios para o imunizante. “A produção e distribuição ampla, rápida e generosa de tratamentos médicos e vacinas eficazes deve ser organizada para todos os países”, afirma Boone.
Resposta rápida
De acordo com a entidade, a melhora das perspectivas tanto para este ano quanto à frete se deve a rápida ação de governos e bancos centrais mundo afora que agiram com medidas para evitar o colapso econômico, uma linha seguida pelo Brasil. “O pior foi evitado, a maior parte do tecido econômico foi preservado e pode se recuperar rapidamente, mas a situação continua precária para muitas pessoas, empresas e países vulneráveis”.
Para o país, a OCDE passou a projetar uma queda de 6% em 2020, ante estimativa anterior de recuo de 6,5%. As perspectivas são mais pessimistas que a previsão do governo e dos mercado financeiro brasileiro, que projetam queda de 4,5% no PIB. Porém, é visível uma melhora nas estimativas. Em junho, a OCDE chegou a projetar um tombo de 7,4% para a economia brasileira. A organização destaca a rápida resposta do governo, com o auxílio emergencial para ajudar os vulneráveis e as políticas de realocação de orçamentos e de aumento de liquidez, esta tomada pelo BC.
Se a queda neste ano é menor, a organização também projeta uma recuperação mais lenta em 2021. A projeção é de alta foi revisada para um crescimento de 2,6%, e não mais de 3,6% e a projeção é que a economia brasileira só voltará aos níveis pré-pandemia em 2022. “As vulnerabilidades fiscais foram exacerbadas pela necessária resposta política e a dívida pública aumentou. A falha em dar continuidade no processo de reformas pode conter o investimento e o crescimento futuro”, aponta o relatório, destacando a importância da retomada da agenda reformista. “Um progresso mais rápido das reformas e um crescimento mais forte dos parceiros comerciais como China e EUA aceleraria a recuperação. Dado o espaço fiscal limitado, reformas estruturais são a alavanca política-chave para a recuperação.”