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Os sinais e recados de Paulo Guedes para os rumos da economia

Chancelado por Bolsonaro, o ministro exalta as medidas contra a crise econômica e critica membros do governo que estariam sendo oportunistas

Por Victor Irajá Atualizado em 4 jun 2024, 14h47 - Publicado em 29 abr 2020, 18h46
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  • “Apertar o botão da gastança e aproveitar farra eleitoral é fácil”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, logo nos primeiros minutos de seu discurso para apresentar as medidas de mitigação controle dos impactos da pandemia do coronavírus. Na tarde desta quarta-feira, 29, ele também ratificou a chancela pública dada pelo presidente Jair Bolsonaro. Ao lado do ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, Guedes comentou as movimentações envolvendo o Plano Pró-Brasil e mandou recados velados aos membros do governo federal e de outras esferas que buscam elevar os gastos públicos de forma permanente durante a crise. Durante a fala, o ministro voltou a defender a saída da crise pelo investimento privado e, num gesto de apaziguamento público, deu as mãos (higienizadas logo em seguida com álcool em gel, ressalte-se) ao chefe da Casa Civil.

    “Nunca houve nenhum choque meu com o presidente ou com o ministro da Casa Civil”, disse Guedes. “Vamos levantar e seguir no mesmo caminho”, afirmou antes de comentar que “é natural” que ministros apresentem propostas e queiram encampar seus projetos com a “luta por recursos” de Brasília. “Que algum ministro queira fazer isso é natural. Não pode alguém achar que alguém vem correndo e bate nossa carteira e sai correndo”, disse. Ele, porém, ressaltou que a saída para a crise será pelo investimento privado, com a melhora do ambiente para a realização de aportes no Brasil por meio da consolidação de um ambiente favorável por meio de reformas. “Seria muito oportunismo político, muita irresponsabilidade fiscal se aproveitarmos uma crise de saúde para ministro aqui ou ali buscar protagonismo e colocar em risco o programa do presidente”, alfinetou ele.

    Guedes mostrou-se extremamente insatisfeito com a forma com a qual foi desenhada o plano Pró-Brasil. Sem uma definição clara, o projeto poderia elevar os gastos públicos em 200 bilhões de reais nos próximos dez anos. O programa foi prontamente rechaçado pelo chefe da Economia e embates nos bastidores entre ele e o artífice do plano, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, foram travados. Na visão de Guedes, o Brasil tornou-se refém do baixo crescimento por conta do investimento público. Ele disse que o Brasil é um péssimo ambiente para se fazer negócios e que a retomada virá por meio de mecanismos para atrair capital estrangeiro, como os marcos legais do saneamento, do petróleo, da energia e do gás. “Os recursos são muito maiores do que poderíamos fazer”, sinalizou. “A economia seguirá respirando”, afirmou ele. Guedes exaltou ainda a atuação em conjunto com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, pela negociação envolvendo a aprovação do pacote de auxílio a estados e municípios, com a contrapartida da proibição do aumento de salários de funcionários públicos das esferas federal, estadual e municipal. Com a medida, ele avalia que as transferências para os entes federativos poderá somar até 130 bilhões em investimento direto para recompor a perda de receita, com impacto fiscal mínimo.

    O ministro da Casa Civil, por sua vez, deu coro à fala de Guedes e mostrou que o chefe da Economia saiu fortalecido dos embates dos últimos sete dias. Ele afirmou que o Pró-Brasil foi apenas uma centralização de demandas vindas de diversos gabinetes da Esplanada dos Ministérios. Deixou claro que tudo teria de ser chancelado posteriormente pelo Ministério da Economia, onde está o caixa do governo. Por isso, segundo ele, Paulo Guedes não participou da apresentação e garantiu que nunca houve qualquer desavença com o chefe da Economia. Nos bastidores, Guedes vem defendendo que o momento nem seria de discutir caminhos para a saída, mas que, já que o assunto foi trazido à tona por outras pastas, antecipou-se, e desenha alterações no programa ao lado do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A preocupação de Guedes, à priori, é defender “vidas e empregos”, e engendrar o pagamento do auxílio a informais e garantir a manutenção de empresas por meio da compensação de salários. O ministro soma, entre novas injeções e antecipações de benefícios, que o governo já empenhou mais de 800 bilhões de reais em medidas para amealhar os impactos da doença para a economia brasileira. “Nós vamos de novo surpreender o mundo”, cravou Guedes.

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