As empresas vêm mudando o processo de seleção de seus funcionários. Mais do que estarem preparados para o cargo, os candidatos agora precisam mostrar que estão aptos a lidar com os desafios – tanto técnicos quanto emocionais – que a nova função exigirá deles.
“Se antes o que mais chamava a atenção em um currículo era a parte técnica do candidato, hoje um ponto que interessa muito para o RH (recursos humanos) é o que ele pode e está disposto a aprender”, afirma a consultora Alle Ferreira.
Muitas vezes, a escolha do candidato já começa pela internet. Por isso, o primeiro passo é ser discreto e manter as redes sociais e profissionais atualizadas, pois as novas tecnologias passaram a ter um papel importante no processo de seleção. Mesmo que o candidato não informe suas redes sociais no currículo, há empresas que vão checá-las para coletar informações que vão além do que está escrito no papel. Portanto, é importante tomar cuidado com as postagens nas redes sociais, com as páginas que segue e publicações que curte.
A dica dos especialistas é escolher com cuidado a foto do perfil, pois ela passará a primeira primeira impressão do candidato para o recrutador. A recomendação é manter uma postura ética e discreta nas postagens, evitando polêmicas. Muitas empresas possuem códigos internos de conduta que vedam a expressão de opiniões sobre determinados assuntos nas redes sociais.
Saulo Ferreira, gerente de recrutamento da Robert Half, diz que outra mudança importante no processo de seleção diz respeito à posição do candidato perante a empresa. Antes, a corporação era a principal tomadora de decisão em uma contratação. “Hoje, com as dificuldades de contratação e maior exigência técnica e comportamental dos contratantes, o candidato é quem escolhe o projeto mais adequado”, diz.
Além disso, as preocupações com relação às características comportamentais e emocionais estão sendo cada vez mais valorizadas. “Quesitos técnicos podem ser desenvolvidos, porém, comunicação, postura ou trabalho em equipe roubam a cena em um processo de seleção”, afirma o representante da Robert Half.
O processo de seleção
De acordo com especialistas, muitas vezes os candidatos são desclassificados por atitudes que poderiam ser evitadas. Veja algumas dicas para se sair bem no processo de recrutamento:
O corpo fala
Não é apenas a linguagem verbal que está sob escrutínio dos recrutadores. A forma como seu corpo se comporta também. Por isso, cuide da postura, faça pequenos gestos e olhe o entrevistador nos olhos.
Ser prolixo ou monossilábico
Conte suas experiências referentes à vaga ou não. O recrutador quer saber quem é você e, se houver abertura, fale dos seus interesses pessoais. Apenas tenha cuidado para não se prolongar muito nem ser conciso demais.
Transparência
Seja honesto com o recrutador. Diante de uma pergunta, fale sempre sobre algo que realmente tenha acontecido em sua vida profissional. Não invente histórias.
Ansiedade excessiva
Candidatos que ligam a todo momento, pedindo feedback, incomodam. Uma ligação ou um e-mail eventualmente são aceitáveis, mas ligar a cada quatro ou cinco dias, insistindo em um retorno, acaba mais atrapalhando do que ajudando.
A hora da entrevista
Vista-se adequadamente
Você deve se vestir de acordo com o perfil do cargo e da empresa, sempre priorizando a discrição e o bom-senso.
Seja pontual
Prefira chegar à entrevista com antecedência. Assim, você terá um tempo para se recompor do trajeto, tomar uma água e organizar melhor as ideias antes do bate-papo.
Prepare-se para a entrevista em inglês
Se a vaga exige fluência em inglês, é quase certo que o recrutador vá testar a habilidade no momento da entrevista e, por essa razão, deve-se sempre dizer a verdade sobre o nível de idioma no currículo. Não é bem-visto melhorar e depois ser desmentido em uma entrevista.
Faça perguntas ao recrutador
Aproveite o momento da entrevista para tirar dúvidas sobre a empresa e os desafios do cargo para o qual está concorrendo. Além de demonstrar interesse na vaga, você terá mais informações para decidir se deseja ou não seguir no processo seletivo.
Não fale mal do antigo empregador
Evite falar mal do empregador ou dos seus pares, independentemente do motivo da sua saída da antiga empresa. Seja sincero, mas discreto. Caso tenha sido demitido, procure focar na autoanálise que fez após o desligamento, nas lições que aprendeu na empresa, nas suas melhores contribuições e no que poderia ter feito diferente.