Os motivos para o ‘rali’ do Ibovespa, segundo a Cardinal Partners
O principal indicador da B3 só precisa de uma coisa: que a percepção de risco nos Estados Unidos siga se acomodando, diz Marcelo Audi
Depois de encerrar ontem em novo recorde, o Ibovespa passa hoje por uma pequena correção, mas isso não muda as altas chances de o índice seguir em ritmo positivo. O principal indicador da B3 só precisa de uma coisa: que a percepção de risco nos Estados Unidos siga se acomodando, com juros baixos na maior economia do mundo, segundo Marcelo Audi, gestor da Cardinal Partners.
“O catalisador fundamental é a redução dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, as US Treasury yields, refletindo a altíssima probabilidade do começo de corte de juro pelo Fed [Federal Reserve, o banco central americano] em setembro”, diz o gestor. “O [contrato] de 10 anos veio de cerca de 4,5% em abril e maio para 3,8% atualmente.”
A redução dos chamados “yields” dos títulos do governo dos Estados Unidos indica que a percepção de risco está menor, já que os investidores estão cobrando menos para emprestar recursos ao governo. Com taxas menores, o fluxo de recursos muda globalmente, com maior procura por ativos de maior risco, caso das moedas e bolsas emergentes.
“Historicamente, o afrouxamento monetário pelo Fed tem um impacto assimetricamente positivo no Ibovespa e ações de países emergentes: alta forte se for um ‘soft landing’ [contração suave] na economia americana; queda moderada se for ‘hard landing’, ou recessão”, afirma Audi. “Esta variável é, e continuará a ser, de longe o fator mais importante para ações brasileiras nos próximos 12 meses.”
A leitura da Cardinal Partners, diante desse cenário, é de que o ambiente é bastante positivo para ações domésticas, sobretudo considerando que as empresas brasileiras listadas estão “num ciclo de alta robusta de lucro a partir de 2024”, com crescimento de mais de 41% de lucro acumulado na carteira do fundo de ações da gestora.
Nesta quinta-feira, 22, o Ibovespa cedeu 0,95%, fechou a 135.173,39 pontos – uma perda de 1.290,26 ponto, sem linha com o desempenho das bolsas americanas. A máxima histórica do índice no fechamento está em 136.463 pontos, nível marcado no pregão de ontem.