O anúncio de interesse na privatização da Petrobras por parte do governo não agradou ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Por mais que defenda uma agenda de reformas estruturantes, sendo a desestatização da petrolífera um caminho para o aumento da competitividade e a diminuição dos preços no setor de óleo e gás do país, Pacheco sabe que discutir algo tão complexo e divisor de opiniões a poucos meses de uma eleição presidencial é um completo desatino. “Eu acho importante que tenhamos um estudo aprofundado sobre possibilidades relativamente à Petrobras. Mas não considero que esteja no radar ou na mesa de discussão neste momento a privatização da empresa porque o momento é muito ruim para isso”, disse ele, nesta quinta-feira, 12.
A discussão ganhou força após a nomeação de Adolfo Sachsida como ministro de Minas e Energia. Ele afirmou que pedirá estudos ao governo sobre uma eventual privatização da Petrobras e da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) – estatal responsável por gerir os contratos da União no pré-sal. Ex-secretário do Ministério da Economia, Sachsida disse, ainda, que tem “o aval e o apoio de 100%” do presidente Jair Bolsonaro para tal função. Sabe-se que o governo tenta viabilizar a privatização da PPSA desde 2019, mas, em relação à Petrobras, a complexidade da operação deverá levar a anos de estudos sobre o tema — portanto, não seria algo que aconteceria neste governo.
Pacheco sabe disso e ponderou a situação para uma eventual privatização da Petrobras. “Essa definitivamente não é uma solução de curto prazo. Não se tem compreensão nem se é uma solução de médio e longo prazos. Estudos podem ser feitos, é o papel do ministro fazer todos estudos necessários. Mas entre o estudo e a realidade de concretização disso há uma distância muito longa e da qual o Congresso Nacional não se apartará”, acrescentou.
Segundo ele, apesar do momento difícil causado pelo aumento dos combustíveis e dos ganhos da estatal com a valorização do petróleo, é preciso reconhecer que a Petrobras é um “ativo nacional, que é uma empresa bem-sucedida no nosso país e que precisa ser valorizada”. Em busca de uma solução para a alta dos preços da commodity, que resulta em uma reação em cadeia para a inflação do país, o presidente do Senado também defendeu que seja feita uma reunião de governadores para que o tema seja discutido como cada ator envolvido no processo pode contribuir para a contenção dos aumentos nos preços dos combustíveis. “Não há vilão ou mocinho nessa história. Temos de encontrar os caminhos que sejam possíveis e que possam não sacrificar os estados, a União ou a Petrobras. Ninguém quer sacrifício absoluto de ninguém a ponto de inviabilizá-los, mas todo mundo quer a colaboração de todos”, declarou.