Terceiro chanceler do Reino Unido neste ano, Rishi Sunak assumiu nesta terça-feira, 25, a posição de premiê do país após o fiasco da política econômica de sua antecessora, Liz Truss. Filho de imigrantes indianos, superrico e primeiro premiê não branco do país, Sunak teve uma trajetória no mercado financeiro, passando pelo Goldman Sachs e gerenciando fundos de hedge. Com uma rápida ascensão política, foi ministro das Finanças do país em 2021 e 2022, durante o governo de Boris Johnson, e agora terá a missão de reequilibrar a trajetória fiscal da Grã-Bretanha após medidas erráticas de Truss em um momento em que a inflação do país está mais de quatro vezes acima da meta.
Em seu primeiro discurso após a posse, Sunak afirmou que o “país está enfrentando uma profunda crise econômica”, consequência da pandemia da Covid-19 e da guerra da Rússia com a Ucrânia que “desestabilizou os mercados de energia e as cadeias de suprimentos em todo o mundo”. Após homenagear a antecessora que renunciou ao cargo, Sunak afirmou que “alguns erros persistiram” e que foi “eleito para, em parte, consertar esses erros, e esse trabalho começa imediatamente”, disse ele. “Isso significa que decisões difíceis virão. Meu governo não deixará às próximas gerações as dívidas que fomos muito fracos para pagar.”
Os mercados reagiram de maneira positiva a sua posse: nesta terça, as bolsas inglesas subiram, o câmbio da libra esterlina apreciou e os juros de longo prazo que haviam explodido com Liss recuaram mais um pouco. A expectativa do mercado está, sobretudo, sobre o plano fiscal de médio prazo que será divulgado no próximo dia 31 e que consiste basicamente em apresentar as projeções de crescimento, de déficit, de inflação e de dívida do Reino Unido diante das medidas de política fiscal adotadas por ele.
“Sunak é conservador e tem um caráter mais austero na condução da política fiscal”, diz Alejandro Ortiz, analista da Guide Investimentos. Isso significa que se espera que ele continue a reverter a medida da antecessora de cortar impostos, o que é nocivo para a inflação uma vez que estimula o consumo e pressiona ainda mais os preços do país. Tudo aponta que isso ocorrerá, uma vez que nesta terça-feira, 25, o governo anunciou que o ministro das Finanças britânico, Jeremy Hunt, será mantido no cargo.
Do Partido Conservador, Hunt é visto como um nome de mais bom senso econômico e de caráter conciliatório e substituiu o ex-ministro Kwasi Kwarteng em meio às turbulências do governo de Truss. Logo que assumiu, Hunt reverteu dois terços do pacote de corte de impostos e diminuiu boa parte do pacote de subsídio energético a famílias e empresas, o que contribuiu significativamente para diminuir os juros de longo prazo que haviam disparado após o anúncio dessas medidas de Truss. “Isso foi muito positivo para recuperar a confiança do investidor”, diz Ortiz, da Guide.
Após a divulgação do plano fiscal de médio prazo, espera-se que ele seja aceito e sancionado pelo OBR (Escritório Para Responsabilidade Orçamentária, semelhante ao IFI, no Brasil). A expectativa é que ele traga previsibilidade para a política econômica do país principalmente com controle da dívida. Após o turbulento período político e econômico no Reino Unido, isso por si só seria um mar de tranquilidade para o mercado.