O investidor do McDonald’s que briga pelo bem-estar dos porcos
O investidor Carl Icahn, detentor de 200 ações da rede de fast-food, está pressionando a rede a abandonar fornecedores com práticas cruéis
O investidor e ativista bilionário Carl Icahn, dono de um patrimônio estimado em 16,8 bilhões de reais e figura conhecida entre os financistas de Wall Street pelo seu perfil agressivo de apostar em empresas com baixo desempenho, mudou a estratégia do seu portfólio ao adquirir uma participação do McDonald’s, gigante americana de fast-food. No foco de Icahn está o bacon. O objetivo do investidor é pressionar a rede a abandonar fornecedores que ainda utilizam a prática cruel de manter as porcas em gaiolas gestacionais.
Detentor de 200 ações do McDonald’s, Icahn indicou dois novos nomes para o conselho da rede: Leslie Samuelrich, presidente da Green Century Capital Management, gestora focada em empresas sustentáveis; e Maisie Ganzler, diretora de estratégia e marca da Bon Appétit Management Company. Ambas envolvidas na adoção de boas práticas ao bem-estar animal pela indústria.
Em 2012, o McDonald’s assumiu o compromisso de não adquirir mais carne de fornecedores que mantêm as porcas em gaiolas. O uso de gaiolas gestacionais é uma técnica ainda bastante utilizada pela indústria e deixam as fêmeas de pé em espaços limitados por meses. A prática cruel já vem sendo abandonada por grandes indústrias de proteína animal, em favor do sistema de alojamento coletivo. Mas, em 10 anos, o McDonald’s pouco avançou. A rede disse ao The Wall Street Journal que 60% da carne suína adquirida é proveniente de fornecedores que não utilizam as gaiolas gestacionais, mas a meta é chegar a 85% a 90% até o final do ano, e cumprir com totalidade o compromisso até 2024.
Mesmo nos alojamentos coletivos, grande parte da indústria ainda utiliza as gaiolas nas primeiras quatro a seis semanas de gestação das porcas. A briga de Icahn é para que o McDonald’s impulsione o movimento de verdadeiramente acabar com essas caixas, de acordo com o compromisso estabelecido em 2012. Para alguns especialistas, a rede impulsionou uma mudança que garantiu maior bem-estar animal em 2015, ao se comprometer a adquirir ovos livres de gaiolas, causando um efeito dominó em outros concorrentes.
Em contrapartida ao pedido, a rede questionou Icahn, que é sócio majoritário da Viskase, uma empresa que fornece embalagens para a indústria de suínos, de não ter pressionado a empresa a adotar “compromissos semelhantes aos do McDonald’s”.