Enquanto vê o presidente Jair Bolsonaro (PL) crescer nas pesquisas de intenção de votos para as eleições deste ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) intensifica a disseminação de mensagens-chave no mercado financeiro. Na última semana, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) discursou em um evento da XP nos Estados Unidos, levando uma mensagem de que o partido, caso eleito, não fará loucuras na política monetária nem agirá indiferente aos interesses do mercado. Os investidores e empresários presentes no evento gostaram do que ouviram, tanto que Padilha saiu de lá com um novo convite: o ex-ministro da Saúde vai se reunir com investidores nesta sexta-feira, 29, em uma unidade do Itaú BBA, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo.
No evento em solo americano, Padilha admitiu que se encontrou com Lula antes da viagem e passou a mensagem de que um eventual governo do ex-presidente terá um ministro da Fazenda com autonomia. Ex-ministro das Relações Institucionais no governo Lula e ministro da Saúde no governo Dilma Rousseff, Padilha, ao falar para o mercado, passa uma espécie de sensação familiar. “Ficou um déjà-vu do que aconteceu com o Palocci, em 2002. Ele disse que o presidente tem dito que quer alguém que tenha sensibilidade política, alguém que já teve contato com a máquina pública, para comandar a economia”, disse uma fonte presente na confraternização. Antonio Palocci, que foi ministro da Fazenda de Lula entre 2003 e 2006, ganhou a condição durante a campanha presidencial, quando exerceu um papel de articulação política e com o mercado financeiro.
“Ele disse que o Lula não chegará dando ‘cavalo de pau’ na condução da economia, que o ex-presidente tem dito que quer um perfil de equipe parecido com o de 2003, mas que os rostos serão diferentes. Ele deve dar espaço para gente nova”, reiterou essa fonte. Padilha, segundo o mercado, pode estar ganhando pontos na corrida para ser ministro da Fazenda em um eventual governo de Lula, mas é nítido que tal escolha ainda está longe de ser tomada, até porque a vantagem do pré-candidato petista em relação a Bolsonaro nas pesquisas tem sido diluída nas últimas semanas.