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O efeito da decisão do Fed na cotação do dólar

Moeda chegou a cair mais de 1% logo após o BC americano anunciar a redução. Corte nos juros favorece economias emergentes como o Brasil

Por Luana Zanobia Atualizado em 18 set 2024, 16h39 - Publicado em 18 set 2024, 16h24
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  • Após meses de hesitação, enquanto outros bancos centrais ao redor do mundo já haviam iniciado cortes em suas taxas de juros, o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos finalmente afrouxou a política monetária, realizando um corte de 0,50 ponto percentual em sua taxa básica. O movimento tende a favorecer o Brasil, que caminha na direção oposta, ao debater uma possível elevação da Selic.

    Um dos impactos mais imediatos da medida do Fed foi sentido no câmbio. Logo após o anúncio, o dólar recuou mais de 1%, sendo negociado a R$ 5,41. Por volta das 16h20, a moeda reduzia a queda, recuando 0,6%, a R$ 5,45. A redução da taxa nos EUA torna os títulos americanos menos atraentes, estimulando uma migração de capital para mercados emergentes, como o Brasil, onde os juros permanecem mais altos. Esse fluxo de capital tende a fortalecer o real, aumentando o poder de compra e ajudando a conter a inflação importada, especialmente em setores como combustíveis e alimentos. “A decisão é uma sinalização positiva para a economia global e deve ter efeitos favoráveis sobre os mercados emergentes, principalmente no comportamento das taxas de câmbio”, apontou um relatório do Ouribank. O real já vinha se apreciando em antecipação ao corte de juros, e a redução mais robusta pode intensificar esse movimento.

    Além da apreciação cambial, a decisão do Fed pode ter impactos nos ativos de risco. “O corte veio dentro do esperado pela maioria do mercado, e, como efeito imediato, podemos ver uma maior injeção de liquidez nos mercados globais, impulsionando ações e commodities”, afirmou Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos. Com a busca por maior rentabilidade, investidores tendem a direcionar capital para mercados emergentes, beneficiando o Brasil tanto no mercado financeiro quanto em setores como exportação, já que as commodities brasileiras podem se tornar mais competitivas.

    No entanto, a decisão também afeta o contexto doméstico. Com a sinalização de que os EUA estão em um ciclo de afrouxamento monetário, o Banco Central do Brasil (BCB) enfrenta pressão para moderar sua política de alta de juros. “Dificilmente o Copom subirá a Selic em mais de 25 pontos-base na reunião que se conclui em poucas horas”, pondera André Perfeito.

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    Apesar dos benefícios imediatos para o Brasil, o corte agressivo do Fed também levanta preocupações. A estratégia pode ser um reflexo do temor crescente em torno da desaceleração econômica nos Estados Unidos. Embora, no curto prazo, a liquidez adicional beneficie mercados emergentes, há o risco de que uma política monetária mais frouxa nos EUA possa levar a pressões inflacionárias futuras, especialmente se a recuperação econômica americana não for robusta. “Um corte de 0,5 ponto percentual é positivo para mercados emergentes, mas também pode gerar maiores pressões inflacionárias nos Estados Unidos, caso o crescimento não acompanhe”, alerta Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos.

    Os mercados globais, por sua vez, devem se preparar para uma nova fase de volatilidade. A decisão do Fed foi bem recebida inicialmente, mas o verdadeiro impacto será avaliado nos próximos meses, com possíveis fluxos de capital saindo dos EUA em busca de melhores retornos. “A digestão dessa decisão ainda levará tempo, e podemos esperar volatilidade nos próximos dias”, conclui Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

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