O Ibovespa, principal indicador das ações negociadas na bolsa de valores brasileira, foi ao céu nesta quarta-feira, 30. No último pregão de 2020, o índice atingiu a máxima histórica para o intradia, batendo 120.150 pontos. Mas declinou e terminou o dia com leve desvalorização de 0,33%, encerrando o ano a 119.017 pontos. Em 2019, o índice fechou em 115.645 pontos.
A queda de hoje aconteceu após a divulgação da notícia de que Ricardo Lewandowski, ministro do Supremo Tribunal Federal, prorrogou as medidas emergenciais para a contenção do novo coronavírus. Isso gerou um mal-entendido em parte dos investidores, que imaginaram que a ação valeria também para as medidas econômicas, como o auxílio emergencial, mas trata apenas das ações sanitárias, como a prorrogação do uso de máscaras, álcool em gel, e para evitar aglomerações em público. Com isso, a bolsa fechou em queda no dia. Ao longo do ano, no entanto, o Ibovespa se valorizou 3,18%. No mês de dezembro, a valorização foi de 9,58%.
Apesar da alta anual, os números podem ser comemorados. Em março, o indicador chegou a perder quase metade do seu valor de mercado, deixando a maioria dos investidores atônitos. O circuit breaker, mecanismo que paralisa as negociações do pregão após uma queda de 10%, chegou a ser acionado seis vezes nas piores semanas do ano. Mas, com a queda na taxa de juros básica (Selic), o investidor pessoa física resolveu tomar risco na renda variável. O resultado foi uma retomada vigorosa. Em novembro, números divulgados pela B3 mostraram que havia 3,2 milhões de pessoas físicas investindo em ações no país — o resultado é o dobro se comparado com um ano antes. No último trimestre do ano, foi a vez do ‘gringo’ voltar ao mercado de ações brasileiro. Em novembro, o saldo positivo no fluxo de capital estrangeiro do país foi de 33,3 bilhões de reais, ao passo que dezembro já registra entrada de mais de 17 bilhões de reais. Com o dólar valorizado frente ao real, a bolsa brasileira se tornou um investimento mais atraente para os investidores estrangeiros. O movimento também se dá na comparação com outros mercados emergentes. A B3 ainda bateu um recorde de emissões de ações no ano e chamou a atenção por seu vigor em IPOs.
Tudo indica que a vacina para a Covid-19 terá efeito em novos recordes da bolsa no ano que chega. O BTG Pactual, por exemplo, traça cenários distintos para o desempenho do Ibovespa no próximo ano. No mais otimista, a bolsa chegaria a 151.000 pontos. Todavia, possíveis estresses na condução da política econômica aliados a um cenário de piora na disseminação do novo coronavírus no país poderiam fazer com que o patamar recue a 81.000 pontos, algo desastroso. A maioria dos bancos, no entanto, mantém projeções decorosas para o próximo ano. JP Morgan, Bank of America e Santander calculam a bolsa entre 125.000 e 135.000 pontos em 2021. A corretora Nécton estima que o Ibovespa chegue a 140.000 pontos em 2021. “Se considerar o patamar atual da bolsa, 140.000 pontos é uma aposta até que modesta”, diz Glauco Legat, analista-chefe da instituição.