Após mais de 4 anos do escândalo com a consultoria Cambridge Analytica, Mark Zuckerberg, CEO da empresa-mãe do Facebook (Meta), foi processado diretamente por suposto envolvimento no caso de violação de privacidade pela procuradoria de Washington D.C. Dados de milhões de usuários foram coletados irregularmente na rede social e minerados para análise durante grandes eventos políticos, como a campanha do ex-presidente Donald Trump, em 2016. A abertura do processo foi anunciada nesta segunda, 23, pelo procurador-geral do Distrito de Colúmbia, Karl A. Racine.
O procurador alega a participação ativa de Zuckerberg nas decisões que permitiram à empresa de consultoria política analisar, sem autorização, os dados pessoais de mais de 80 milhões de usuários, violando a própria política da plataforma. Racine já havia processado o Facebook em 2018 (o processo ainda está em andamento), e, no momento, buscar responsabilizar pessoalmente o CEO da Meta. “As políticas de Zuckerberg permitiram um esforço de anos para enganar os usuários sobre a extensão da conduta ilícita do Facebook (…) Este processo não é apenas justificado, mas necessário, e envia a mensagem de que os líderes corporativos, incluindo os CEOs, serão responsabilizados por suas ações”, disse em comunicado oficial.
A Cambridge Analytica, fundada em 2013 e com encerramento das atividades em 2018, trabalhava com mineração e análise de dados. A empresa colaborou com a equipe de Donald Trump, durante as eleições de 2016, além de prestar consultoria política durante o Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia). A empresa foi acusada de criar um algoritmo capaz de prever e, potencialmente, influenciar as escolas de possíveis eleitores. O envolvimento da empresa nos eventos políticos é alvo de diversas investigações criminais em andamento nos Estados Unidos e no Reino Unido.
Não é a primeira vez que o procurador Karl A. Racine tenta responsabilizar diretamente Zuckerberg. Em março do ano passado, um juiz rejeitou a tentativa de incluir o bilionário como réu em uma ação judicial sobre a Cambridge Analytica. Desta vez, Racine diz que sua equipe teve acesso à milhares de documentos, incluindo depoimentos de funcionários do Facebook. O procurador também alega que o CEO estava ciente dos possíveis danos resultantes no compartilhamento de dados de usuário, porém, não agiu para impedir as irregularidades.