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Marcas fogem do podcast Flow após apresentador defender partido nazista

Na última segunda-feira, o apresentador Monark disse que a formalização de um partido nazista estaria amparada pela liberdade de expressão

Por Larissa Quintino Atualizado em 8 fev 2022, 16h21 - Publicado em 8 fev 2022, 15h04
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  • Na segunda-feira, 7, o apresentador do Flow Podcast, Monark, disse defender a formalização de um partido nazista no Brasil. A declaração foi dada no episódio que recebeu os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP). A fala antissemita fez com que marcas associadas ao programa corressem para tentar se desvincular do podcast após forte repercussão nas redes sociais. A polêmica que mobiliza as redes sociais nesta terça-feira lembra um episódio ocorrido nos EUA. Por lá, o Spotify enfrenta pressão após falas antivacina e racistas de Joe Rogan, apresentador de um dos maiores podcasts do mundo. 

    A Flash Benefícios afirmou em nota que procurou os estúdios Flow, responsáveis pela produção do conteúdo, para encerrar a relação comercial. “Um dos apresentadores fez comentários inadmissíveis e dos quais discordamos de forma veemente. Diante disso, solicitamos o encerramento formal e imediato de nossa relação contratual.” O co-fundador da marca Insider Store, Yuri Gricheno, disse em publicação no Instagram da marca que a empresa está suspendendo a parceria com o podcast Flow e pede a saída de Monark da apresentação do podcast. “Mensagens de ódio  não podem ser disseminadas para a população”, afirmou. 

    Outras marcas que constavam no mídia kit do Flow e foram questionadas por ouvintes do conteúdo pelas redes sociais também se posicionaram, tentando se desvincular da marca. O iFood afirmou a VEJA que não mantém mais vínculo comercial com o Flow Podcast. “Nossa decisão de encerrar o patrocínio do podcast foi tomada, de forma definitiva, em novembro de 2021.” A Mondelez também se posicionou. A empresa disse que patrocinou pontualmente episódios do podcast em 2021 com a marca BIS e que seu nome haveria sido colocado erroneamente no pool de patrocinadores. A companhia disse repudiar “todo tipo de comentário ou manifestações nazistas e qualquer outra forma de preconceito, racismo e discriminação”.

    Em suas redes sociais, a Puma vai na mesma linha. A marca de material esportivo frisa que não é patrocinadora do Flow Podcast, mas lembrou que fez apenas uma ação isolada e já pediu em outros momentos a retirada de seu logotipo do time de patrocinadores. “A Puma discorda e repudia veementemente as declarações e ideias expressas durante o último Flow Podcast, transmitido na noite de segunda-feira (7).”

    O ex-jogador de futebol Zico, convidado desta terça-feira do podcast, cancelou sua participação. VEJA procurou o YouTube, canal no qual o podcast é veiculado, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

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    A declaração de Monark também teve repercussão em outras produções dos Estúdios Flow. A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ) anunciou o rompimento de contrato com a empresa por “apologia ao nazismo, regime cujos crimes contra a humanidade até os dias de hoje causam horror a qualquer um que preze pela vida”. O podcast Flow Sport Club transmitia jogos do Campeonato Carioca de 2022.

    Nesta terça-feira, durante a repercussão de suas falas, Monark pediu desculpas por suas falas, e disse que estava bêbado durante o podcast. “Queria pedir desculpas porque eu errei. Eu estava muito bêbado. Falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica e peço perdão. Mas peço também um pouco de compreensão: são quatro horas de conversa e eu estava bêbado”, afirmou, em vídeo publicado no Twitter.

    O podcast

    Durante o programa da última segunda-feira, o apresentador defendeu a criação de um partido nazista. “Eu sou mais louco do que vocês. Eu acho que tinha que ter partido nazista reconhecido pela lei”, disse Monark, que saiu em defesa do “direito de ser anti-judeu”. 

    A deputada Tabata Amaral rebateu as afirmações de Monark, citando o Holocausto na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial, período marcado pelo extermínio de judeus. O deputado Kim Kataguiri argumentou que, no entanto, proibir a existência de grupos nazistas não seria a melhor opção para combater a ideologia. “O que eu defendo é que por mais absurdo, idiota, antidemocrático, bizarro, tosco que o sujeito defenda, isso não deve ser crime. Porque a melhor maneira de reprimir uma ideia antidemocrática, tosca, bizarra, discriminatória, é você dando luz àquela ideia pra que aquela ideia seja rechaçada socialmente e então rejeitada”, opina. 

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