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Lucro das empresas diminui 6% no 1º tri em comparação a 2018

Resultado é reflexo de atividade fraca da economia brasileira em 2019; levantamento leva em conta apenas companhias listadas na bolsa de valores

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 16 Maio 2019, 14h39 - Publicado em 16 Maio 2019, 12h54
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  • A paralisia da economia afetou a rentabilidade das empresas listadas em bolsas de valores no primeiro trimestre. Levantamento feito pela consultoria Economatica mostra que o lucro líquido de 231 companhias abertas totalizou 20 bilhões de reais, o que representa uma queda de 5,74% com relação ao mesmo período de 2018.

    Os dados, que têm como base os balanços entregues até as 18h de quarta-feira 15, excluem os bancos, a Vale, a Petrobrás e a Oi, por distorcerem os resultados.

    “Criou-se uma expectativa grande no mercado financeiro de que a economia do país iria se recuperar com a troca de governo”, diz Istvan Kasnar, professor de administração pública e de empresas da FGV. “Essa retomada não se concretizou nos primeiros cem dias e ainda há incertezas para os próximos meses. A queda da rentabilidade das empresas refletiu, em boa parte, essa frustração de expectativas.”

    Ainda que o faturamento das empresas tenha crescido nos últimos meses, boa parte das companhias de capital aberto teve suas margens de lucro afetadas por aumento de custos represados anteriormente, afirmou Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim. Para ele, as empresas ainda vão demorar a atingir os patamares pré-crise, de 2014. “Houve recuperação entre 2017 e 2018, mas boa parte das companhias é afetada pelos choques de custos, como energia e efeitos cambiais, por exemplo”, diz.

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    Com uma das energias mais caras do mundo, a indústria tenta levar adiante a pauta da redução de preços. O plano do “choque de energia barata”, anunciado pelo governo em março, que previa a redução em 50% no custo do gás natural, ainda não saiu do papel.

    Além dos reflexos da crise que se estendem há cinco anos, e da demora na aprovação de reformas estruturais, que causaram impacto na confiança de consumidores e investidores, o cenário internacional não tem ajudado. A crise argentina, por exemplo, derrubou o saldo comercial brasileiro no primeiro quadrimestre. Segundo o Indicador de Comércio Exterior (Icomex), da FGV, a balança comercial com a Argentina passou de superavitária para deficitária em 3,1 bilhões de dólares (cerca de 12,4 bilhões de reais). 

    A Volkswagen, por exemplo, colocou em férias coletivas os funcionários das fábricas de São Bernardo do Campo e Taubaté (SP). O motivo foi a queda no consumo da Argentina, seu principal destino de exportações. Apesar de a montadora não ter capital aberto no país, a iniciativa afeta fornecedores, como siderúrgicas e autopeças.

    A crise entre EUA e China também prejudica o comércio internacional. Segundo estimativa da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a perda potencial do país com a disputa é de cerca de 30 bilhões de dólares (120 bilhões de reais).

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