Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Japão condena fuga ‘injustificável’ de Carlos Ghosn

Empresário cumpria prisão domiciliar após pagamento de fiança e não poderia deixar o país; na última segunda-feira, o ex-chefe da Nissan chegou ao Líbano

Por AFP 5 jan 2020, 08h24
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Quase uma semana após o ex-chefe da aliança Nissan-Renault fugir do Japão, onde cumpria prisão domiciliar, as autoridades japonesas condenaram neste domingo, a fuga “injustificável” do executivo para o Líbano e rejeitaram as acusações de Ghosn contra a Justiça japonesa.

    O executivo chegou ao Líbano na segunda-feira passada em circunstâncias ainda pouco claras, embora estivesse proibido de deixar o Japão, onde aguardava julgamento. Após pagar fiança, Ghosn tinha certa liberdade e poderia sair de casa e receber amigos, mas não poderia sair do Japão ou falar com sua esposa.

    “O sistema penal do nosso país dispõe de procedimentos adequados para estabelecer a verdade nos casos e é administrado corretamente, de modo a garantir os direitos humanos fundamentais. A fuga de um réu em liberdade sob fiança é injustificável”, afirmou, em comunicado, a ministra da Justiça japonesa, Masako Mori.

    As autoridades japonesas não puderam traçar a saída do território de Carlos Ghosn e, portanto, suspeita-se que ele tenha usado “meios ilegais” para deixar o país, afirmou. “É extremamente lamentável que tenhamos chegado a essa situação”, acrescentou. A ministra também confirmou o cancelamento da fiança de Carlos Ghosn e a emissão de uma “notificação vermelha” da Interpol para solicitar sua prisão.

    “Não sou mais refém de um sistema judicial japonês parcial, onde prevalece a presunção de culpa, a discriminação é generalizada e os direitos humanos não são respeitados”, disse Carlos Ghosn na terça-feira. Acredita-se que ele partiu no domingo do Aeroporto Internacional de Kansai, perto de Osaka (oeste do Japão), em um avião privado e depois pegou outro em Istambul com destino a Beirute.

    Continua após a publicidade

    Segundo as autoridades turcas, dois estrangeiros o ajudaram em seu itinerário até Istambul. Após a prisão na quinta-feira de sete indivíduos na Turquia, dos quais quatro pilotos, cinco foram mantidos em prisão preventiva.

    Entenda o caso

    Ghosn foi preso no final de novembro de 2018 acusado de ocultar parte dos ganhos obtidos na Nissan. Ele passou 130 dias na prisão, antes de obter a liberdade sob fiança.

    O magnata do setor automobilístico, seus parentes e sua defesa clamamsua inocência e afirmam que ele foi vítima de um “complô” orquestrado pela Nissan para derrubá-lo, com a cumplicidade das autoridades do país.

    Continua após a publicidade

    Ghosn e seu círculo também denunciaram as condições estritas de sua liberdade sob fiança. Ele era proibido, por exemplo, de falar com sua esposa Carole, um “castigo” para desmoralizá-lo, de acordo com sua defesa.

    Organizações de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional, criticam há anos o sistema judicial japonês, muito diferente do dos países ocidentais, e baseado, segundo eles, na repetição de interrogatórios para que o réu acabe confessando.

    O Ministério Público de Tóquio, responsável pela investigação, também reagiu oficialmente, pela primeira vez neste domingo, à fuga, chamando-a de “crime”. Os investigadores japoneses temiam esse cenário e por isso se opuseram à libertação sob fiança, lembrou o MP em comunicado. “O acusado Ghosn tinha recursos financeiros abundantes e muitos pontos de fuga para o exterior. Foi fácil para ele fugir”, disse.

    Continua após a publicidade

    O franco-libanês-brasileiro de 65 anos tinha uma “influência significativa” no Japão e em todo o mundo, e havia um “risco real” que destruísse evidências relacionadas ao seu caso, acrescentou.

    Ao fugir para o exterior, Ghosn também desrespeitou o juramento que fez de permanecer no Japão para se defender durante o julgamento, disseram os investigadores. “Ele quis escapar da punição de seus próprios crimes. Não há razão para justificar esse ato”, concluíram.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.