Inflação americana surpreende em outubro e acumula maior alta desde 1990
Ainda que as autoridades americanas reafirmem que a alta de preços é temporária, mercado precifica alta de juros do país para o segundo semestre de 2022
Os gargalos na logística de mercadorias e matérias-primas após a pandemia da Covid-19 e o alto preço da energia continuam pressionando a cadeia produtiva em todo o mundo e desencadeando altas expressivas de preços. Dados divulgados na manhã desta quarta-feira, 10, pelo Departamento de Estatísticas dos Estados Unidos surpreenderam ao apontar que em outubro a inflação americana subiu mais uma vez. No acumulado do ano, atingiu a maior alta dos últimos 30 anos.
No ano, o índice CPI mais amplo, que inclui alimentos e combustíveis, acumula alta de 6,2%, o maior índice desde novembro de 1990. Em outubro, a alta foi de 0,9%, acima das estimativas dos economistas da Bloomberg, de 0,6%, e do índice do mês anterior, de 0,4%. Já o CPI Core, que exclui alimentos e combustíveis, que são mais voláteis, acumula no ano alta de 4,6%, o maior patamar desde agosto de 1991. Em outubro, o índice subiu 0,6%, acima da expectativa dos economistas, de 0,4%, e superior ao índice do mês passado, de 0,2%.
Tanto o Federal Reserve quanto o Tesouro americano afirmam que a alta de preços é temporária e deve cair no ano que vem. Na terça-feira, 9, a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, reafirmou que a economia deve melhorar com a normalização após a pandemia – em repetidas ocasiões, ela vem reiterando que espera um retorno da inflação a patamares próximos a 2% no ano que vem.
Ainda assim os investidores americanos precificam que já no meio do ano de 2022 o Fed subirá a taxa de juros do país. Após a divulgação da inflação de hoje, a curva de juros dos títulos do Tesouro americano de dois anos, bem como de 10 anos, têm leve alta no início da tarde desta quarta-feira, com os yields subindo 3,5%. Já o mercado acionário opera em aversão ao risco, com o S&P 500 em leve queda de 0,14%.
Pedidos de auxílio-desemprego
Também nessa quarta, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgou o número de pedidos de auxílio desemprego, outro índice importante por apontar a temperatura da recuperação da economia americana. Na semana passada, 267 mil pessoas solicitaram o benefício, o número mais baixo desde o início da pandemia.
Apesar de vir em 2 mil pessoas acima da estimativa dos analistas da Bloomberg, foram 4 mil a menos que os pedidos da semana anterior. Ainda assim, o número é bastante superior aos índices pré-pandemia. Na segunda quinzena de março de 2020, 261 pessoas solicitaram o benefício.