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Produção industrial recua 1,1% em 2019 após dois anos de alta

Tombo de 9,7% da indústria extrativa após a tragédia de Brumadinho puxou o resultado negativo do setor

Por Larissa Quintino Atualizado em 4 fev 2020, 13h56 - Publicado em 4 fev 2020, 09h34
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  • A produção da indústria do Brasil recuou 1,1% em 2019, após avançar tanto em 2017 (2,5%) quanto em 2018 (1%), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgados nesta terça-feira, 4.

    Os efeitos da tragédia de Brumadinho (MG) em janeiro do ano passado ajudaram a derrubar a produção da indústria extrativa, que puxou o resultado negativo anual, explicou o gerente da Pesquisa Mensal da Indústria, André Macedo. Ele ressalta que, se o setor extrativo (-9,7%) fosse retirado do cálculo, a variação da produção industrial seria de 0,2% positivo no ano.

    Houve contribuições negativas também de metalurgia (-2,9%), celulose, papel e produtos de papel (-3,9%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-9,1%), outros equipamentos de transporte (-9,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-3,7%), produtos de madeira (-5,5%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-3,7%) e produtos de borracha e de material plástico (-1,5%).

    Segundo o IBGE, o impacto das incertezas no ambiente externo – com um ano de guerra comercial entre China e EUA e a deterioração da situação econômica da Argentina, um de nossos principais compradores, prejudicaram setores. “A situação do mercado de trabalho no país que, embora tenha tido melhora, ainda afeta a demanda doméstica”, disse Macedo. O Brasil encerrou 2019 com 11,6 milhões de pessoas ainda sem ocupação.

    Do lado positivo da balança do ano, está a produção de bens de consumo, tanto duráveis quanto não duráveis, que foi afetado, segundo o IBGE, pela ligeira recuperação do mercado de trabalho e a liberação de saques do FGTS. As altas mais significativas para o resultado do ano vieram de produtos alimentícios (1,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (2,1%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,7%), produtos de metal (5,1%) e bebidas (4,0%).

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    A queda de 1,1% já era estimada pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo Renata de Mello Franco, economista da fundação, o resultado mostra que o setor “anda de lado” e não consegue reagir. Além do setor externo, que prejudicou as exportações, ela classifica a queda de produção de bens de capital como ponto de atenção, porque mostra uma falta de diversificação dos investimentos.

    Apesar da demanda interna ter participação positiva no resultado, Otto Norigami, professor do Insper, aponta que a retomada lenta do desemprego compromete o rendimento do brasileiro e, com isso, não permite o reaquecimento da indústria de maneira mais consistente. A incógnita é saber como será a retomada para este ano, para que haja crescimento de mais fôlego. Segundo o professor, a crise chinesa devido ao coronavírus, ao mesmo tempo que pode desacelerar a economia mundial, pode representar uma oportunidade para produtores locais entrarem em mercados desabastecidos de produtos da China.

    Dezembro

    Em dezembro, a produção da indústria caiu 0,7%, na segunda taxa negativa seguida – acumulando queda de 2,4% nos últimos dois meses do ano. Foi o pior resultado para o bimestre desde 2015, quando houve queda de 2%. Também houve queda em comparação ao mesmo mês de 2018, de 1,2%. “Com esses resultados, o setor industrial recuou tanto no fechamento do quarto trimestre de 2019 (-0,6%), como no acumulado do segundo semestre do ano (-0,9%), contra iguais períodos do ano anterior”, diz o instituto.

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    Na queda de 0,7% da atividade industrial na passagem de novembro para dezembro de 2019, três das quatro grandes categorias econômicas e 17 dos 26 ramos pesquisados mostraram redução na produção.

    Resultado negativo

    Na véspera, a Confederação Brasileira da Indústria (CNI), divulgou que o faturamento do setor caiu  0,8% em relação a 2018, devido a uma retomada ainda não muito clara da economia e a necessidade de continuidade da agenda reformista.  As horas trabalhadas acumularam queda de 0,5%, tendo sido positivas apenas em três meses. 

     

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