O Ibovespa, que começou o dia em alta, reverteu o movimento e fechou o pregão em queda, aos 131,5 mil pontos. A pressão baixista foi amplificada pelo cenário externo, marcado pela intensificação do conflito entre Israel e o Líbano, o que levou os investidores a buscar ativos mais seguros, como o dólar, em detrimento de ações. Esse movimento de aversão ao risco é típico em momentos de aumento da incerteza geopolítica, quando os mercados reagem de forma defensiva.
O dólar, que havia recuado no pregão anterior, voltou a subir, fechando o dia cotado a R$ 5,48, reforçando o fluxo para ativos considerados refúgios em tempos de turbulência global.
Apesar da surpresa positiva com a queda do IPCA-15 de setembro, o mercado segue cauteloso quanto ao controle da inflação no médio e longo prazo. Analistas apontam que o aumento da massa salarial e os impactos climáticos, como as queimadas, continuarão pressionando os preços, o que gera preocupações sobre a persistência inflacionária. Segundo Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, a inflação dos alimentos e o efeito da bandeira tarifária vermelha 1 na energia elétrica devem contribuir para uma aceleração da inflação ao longo do mês, embora em ritmo mais brando do que o inicialmente previsto.
Em resposta a essas dinâmicas, a Monte Bravo revisou sua projeção para o IPCA de setembro, ajustando de 0,53% para 0,45%. “Mantemos nossa projeção de 4,7% para 2024”, afirma Costa, destacando que, apesar da revisão de curto prazo, as pressões estruturais ainda representam um desafio para a trajetória inflacionária no próximo ano.
Quanto à política monetária, a percepção de que os riscos para a inflação permanecem assimétricos não altera a expectativa de que o Banco Central manterá uma postura restritiva. “Mantemos nossa previsão de um aperto gradual nos juros, com a taxa Selic subindo 0,5 p.p. nas reuniões de novembro e dezembro de 2024, seguida por um ajuste de 0,25 p.p. em janeiro de 2025, levando a Selic para 12,0% ao ano”, conclui Costa.