‘Hoje o ciclo está aberto’, diz Roberto Campos Neto sobre alta dos juros
Em coletiva sobre sobre o Relatório Trimestral de Inflação, Campos Neto citou preocupação com a inflação na ponta, e sobretudo com a pressão dos alimentos
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, justificou o início do ciclo de alta de juros citando a revisão de crescimento do Brasil, o mercado de trabalho apertado e as expectativas de inflação na ponta. No Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira, 26, o BC revisou de 2,3% para 3,2% a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e prevê a inflação em 4,3%, 0,3 ponto acima do projetado na edição de junho do documento.
“As expectativas de inflação que vinham piorando, elas melhoraram um pouco, depois na ponta voltaram a piorar um pouco”, disse Roberto Campos Neto. Com o aumento da pressão inflacionária, a probabilidade de o país ultrapassar a meta de inflação deste ano subiu de 28% em julho para 36% atualmente. A meta estabelecida para 2024 é de 3%, com uma margem de até 4,5%, muito próxima, portanto, das projeções inflacionárias para o período.
Campos Neto reforçou que o BC não dará guidance sobre o ciclo. “Hoje o ciclo está aberto, a gente precisa observar os dados”, disse Campos Neto. Ele também afirmou que já era esperado que a inflação de curto prazo apresentaria melhora, mas citou a preocupação na ponta, e sobretudo com a pressão dos alimentos, causada pela seca no país. Nesta semana, o presidente da autoridade monetária já havia citado a preocupação do Banco Central com a questão climática, em evento promovido pelo Safra.