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Funcionários da Avianca fazem greve em Congonhas e Santos Dumont

Segundo a companhia, foram cancelados treze voos por causa da paralisação; mau tempo no Rio também levou a cancelamentos

Por André Romani Atualizado em 17 Maio 2019, 14h57 - Publicado em 17 Maio 2019, 12h00
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  • Após a deliberação de greve em assembleia do Sindicato Nacional dos Aeronautas, funcionários da Avianca realizam atos nos aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) nesta sexta-feira, 17. O motivo, segundo eles, é o atraso do pagamento de salários e benefícios por parte da companhia aérea.

    Segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas, ao todo, o movimento conta com 280 pessoas. Para Ondino Dutra, presidente da instituição, “a empresa aérea que não paga salário tem que parar sua operação até que consiga regularizar a situação. Tripulante de avião não pode ficar sem saber como pagar aluguel e suas contas, porque isso cria uma instabilidade emocional perigosa para aviação. É diferente de um escritório”, afirma ele.

    De acordo com a Avianca, foram cancelados treze voos nesta sexta-feira de forma já planejada, em razão da paralisação dos funcionários. Além disso, por causa do mau tempo no Rio de Janeiro, foram cancelados mais sete voos nesta manhã.

    Na quinta-feira 16, o Tribunal Superior do Trabalho concedeu liminar parcial à Avianca para que o sindicato mantivesse 60% de trabalhadores da companhia fora da greve. A empresa solicitou à Justiça o impedimento da paralisação afirmando que, embora esteja em processo de recuperação judicial, vem desenvolvendo esforços para manter suas operações e regularizar os salários e benefícios atrasados. A liminar prevê multa diária de 100.000 reais em caso de descumprimento.

    O sindicato manteve a greve e recorreu da decisão. De acordo com a categoria, como a Avianca opera com apenas seis aviões – sendo que a frota nacional é composta de 400 aeronaves –, a demanda estaria suprida pelas outras empresas como Gol, Latam e Azul. “Desta forma, ainda que ocorra a paralisação total dos voos da Avianca, a exigência da manutenção do serviço essencial à sociedade está atendida”, informa o sindicato. “A greve não tem dia nem hora para acabar. Se a empresa não pagar ou fazer uma proposta para resolver a situação, a ideia é continuar”, afirma Dutra.

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    Em nota, a Avianca Brasil afirmou que “respeita a manifestação de parte de seus colaboradores e reforça que não está medindo esforços para cumprir as etapas de seu Plano de Recuperação Judicial e garantir suas obrigações com seus funcionários”.

    Entenda a crise na Avianca

    Desde que entrou em recuperação judicial, em dezembro do ano passado, a Avianca Brasil vem sofrendo seguidas derrotas. Com mais de 3 bilhões de reais em dívidas, a aérea está operando com apenas seis aeronaves. Outras 29 foram retomadas pela Justiça por causa de dívidas com credores. Um leilão por ativos da empresa seria realizado no último dia 7, mas foi suspenso pela Justiça de São Paulo a pedido da Swissport. A empresa, que é credora da Avianca, afirma que a venda de slots (espaços para pousos e decolagens) é ilegal. A Avianca recebeu uma proposta da Azul de 145 milhões de dólares (cerca de 580 milhões de reais), mas ainda não se manifestou sobre a oferta.

    Com a crise, a empresa já cancelou mais de 4.000 voos e existem relatos de ocupação baixa naqueles que decolam. Atualmente, a companhia aérea só opera em quatro aeroportos do país: Santos Dumont (RJ), Congonhas (SP), Salvador (BA) e Brasília (DF). Segundo o sindicato, a Avianca começou a redução de pessoal na segunda-feira 13, e envolveu 900 demissões, entre pilotos e comissários.

    Além disso, na quarta-feira 15, a Avianca Brasil ainda foi suspensa da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata). Segundo a associação, a empresa, que está em recuperação judicial desde dezembro, foi afastada por inadimplência. Com a sanção, a Avianca não faz mais parte de um sistema de vendas de passagens internacional, chamado Billing Settlement Plan (BSP). A plataforma opera em 180 países e atende mais de 370 companhias aéreas em todo o mundo. Com o sistema, é possível que aéreas vendam bilhetes em que trechos são operados por outras companhias. Só em 2017, o BSP movimentou cerca de 236 bilhões de dólares (aproximadamente de 950 bilhões de reais).

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