A montadora Ford anunciou um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para os trabalhadores operacionais da fábrica de Camaçari, na Bahia. Os 3.500 funcionários têm até o dia 26 deste mês para aderir à medida.
Segundo a montadora, o objetivo “é adequar o excedente da força de trabalho à atual demanda de mercado”. A planta é responsável pela produção do Ford Ka, nas versões hatch e sedan, e do EcoSport.
Segundo Júlio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, a montadora e os trabalhadores acertaram há duas semanas um acordo de estabilidade por um ano. Assim, a companhia se comprometeu a não cortar pessoal até abril de 2020, sendo possível apenas o programa de demissão voluntária.
O funcionário que aderir ao programa vai ganhar um bônus de 35.000 reais, mais verbas rescisórias, como FGTS e férias, segundo Bonfim. De acordo com ele, a fábrica tem cerca de 8.000 funcionários, sendo 3.500 operacionais.
Além de Camaçari, a Ford tem fábrica em Taubaté, Tatuí e São Bernardo do Campo, no Estado de São Paulo. Essa última será fechada no fim do ano. Segundo a montadora, o programa de demissão voluntária na Bahia e a encerramento das atividades no ABC paulista não têm relação entre si.
No anúncio do fechamento da fábrica em São Bernardo, em 19 de fevereiro, a Ford explicou que vai encerrar sua atuação no segmento de caminhões na América do Sul e deixar de comercializar os modelos Cargo, F-4000, F-350 e Fiesta, produzidos apenas no ABC paulista. O motivo, segundo a companhia, é a “ampla reestruturação de seu negócio global”.
Governos estadual e federal, com a prefeitura de São Bernardo do Campo, negociam a venda da fábrica para outra empresa automotiva, a fim de manter os empregos na região. Um possível comprador pode se beneficiar do programa de incentivo fiscal à indústria anunciado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em março. Serão oferecidas reduções do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) em até 25% para montadoras que apresentarem planos de investir pelo menos 1 bilhão de reais e que gerarem no mínimo 400 postos de trabalho. Nos bastidores, o nome mais comentado para adquirir a planta é o do grupo automotivo brasileiro Caoa.