A confiança no ambiente empresarial e no mercado financeiro finalmente estão em alta e foram corroborados pelos dados de crescimento econômico divulgados nesta sexta-feira, 30, pelo IBGE. Segundo o instituto, o Brasil cresceu 0,8% no terceiro trimestre do ano. No entanto, o bom empresário é aquele que se antecipa ao movimento de alta e colhe os frutos quando a economia decola. Esse é o segredo que vai permitir que o grupo de clínicas odontológicas Sorridents, de Carla Sarni, conquiste um crescimento de 50% em seu faturamento neste ano.
“No começo do ano, falaram que éramos loucos por estarmos investindo”, afirma a empresária. Em dezembro do ano passado, Sarni comprou parte da operação da rede de estética Giolaser, fundada pela atriz global Giovanna Antonelli. O valor não pode ser divulgado por um acordo entre as duas acionistas. “Pegamos a operação em abril com 13 unidades e já estamos com 39. Triplicamos em poucos meses”, conta.
Os alertas feitos pelos amigos, todos franqueadores, relacionavam-se com o momento político conturbado vivido pelo país. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabara de ser condenado por Sergio Moro. Àquele momento, ninguém poderia dizer com 100% de certeza se ele iria ou não concorrer às eleições. Além disso, o PIB fraquejava em meio à falta de confiança com as reformas previdenciária e tributária. O governo de Michel Temer não conseguia destravá-las em meio a escândalos que dia sim, dia não, abalavam o Planalto.
“A maior insegurança dos empresários de fazer investimentos era qual seria o destino do Brasil depois de outubro. Essa era a grande insegurança”, explica. “O começo do ano foi péssimo. Pensamos que aquela seria o começo de uma verdadeira crise. Ficamos assustados”, diz Carla ao narrar os primeiros meses após comprar a empresa. “Tivemos retração naquele momento. Mas, apesar de toda aquela instabilidade, ainda estávamos otimistas.”
Além do investimento em uma nova companhia, o grupo Sorridents decidiu iniciar uma nova linha de franquias. Enquanto o carro chefe são as clínicas odontológicas, o novo alvo era o mercado de oftalmologia. “O setor de saúde e bem-estar tem passado ileso pela crise. Ele deixou de crescer, mas não teve queda”, diz ela sobre o motivo da aposta. A primeira unidade da rede Olhar Certo foi inaugurada em maio deste ano.
Segundo Sarni, o ponto de equilíbrio do negócio – quando ele não dá lucro, mas também não gera prejuízo – foi alcançado seis meses depois, em outubro. A previsão inicial era que se chegasse nesse ponto após dois anos de operação.
Todos os investimentos, segundo ela, estão sendo feitos com o caixa do grupo. A Sorridents deve encerrar 2018 com um faturamento de 377 milhões. A empresária diz que, a partir do terceiro trimestre, observou uma rápida aceleração do crescimento do grupo, o que fez todas as suas metas serem batidas antes do final do ano.
Ela afirma que o otimismo em relação ao futuro da economia permitiu que a empresa disparasse. Os investimentos que já estavam entrando em operação ajudaram a aproveitar essa onda. “Os empreendedores voltaram a acreditar que o país vai voltar a crescer. Há uma enxurrada de dinheiro no país. Nos últimos seis meses, recebi 18 fundos de investimentos para investir no negócio”, conta.
No ano, ela explica que apenas o negócio de odontologia deve crescer 31% e o grupo outros 50%. Para 2019, as expectativas são altíssimas. “Vínhamos inaugurando na crise 25 unidades por ano. Um cenário extremamente positivo em relação ao mercado”, diz a empresária. “Esse ano inauguramos 50 e estamos com 70 outras franquias já comercializadas. Vamos ‘arrochar’ sem dó em 2019”, comemora. “Queremos comercializar 100 novas franquias e abrirmos essas 70 lojas.”